Coluna do André Ito

Este investimento sedutor carrega bons retornos; veja se ele faz o seu perfil

18 maio 2023, 12:54 - atualizado em 18 maio 2023, 12:56
Fundos de Investimentos
“Voltados para o longo prazo e menos voláteis em termos de rentabilidade, os fundos estruturados, também são conhecidos como “fundos alternativos”, diz o colunista  (Imagem: REUTERS/Brendan McDermid)

Enquanto a indústria de fundos de investimentos como um todo tem sofrido com os resgates líquidos nestes primeiros meses de 2023, os chamados fundos estruturados apontam crescimento, sinal de que há uma migração de parte dos recursos.

Segundo dados da Anbima, a indústria de fundos em geral registrou saques líquidos de R$ 43,2 bilhões em abril, o pior resultado do ano e o sexto mês consecutivo em que o setor tem mais resgates do que aportes. Na contramão, os estruturados são impulsionados pelo aumento do interesse dos investidores.

No mês destacam-se os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) e os FIPs (Fundos de Investimento em Participações), que lideram com aportes líquidos de R$ 9,6 bilhões e de R$ 1,2 bilhão, nesta ordem. Estas duas classes são as únicas com saldo positivo no acumulado do ano.

Voltados para o longo prazo e menos voláteis em termos de rentabilidade, os fundos estruturados, também conhecidos como “fundos alternativos”, têm o objetivo de auxiliar no financiamento de setores da economia real.

No final, são uma espécie de ponte entre os investidores e os empresários que precisam de capital para seus investimentos. Tais fundos exibem uma maior resiliência em cenários macroeconômicos como o atual e contam com uma perspectiva de retorno elevada, o que atrai investidores.

Com a taxa Selic a 13,75% ao ano, tais aplicações em termos de retorno são sedutoras, pois vão ofertar um retorno alvo razoavelmente acima do CDI, já que sua proposta é justamente que o cliente tome mais risco em uma parcela pequena do seu patrimônio.

No entanto, a equação não é tão simples assim: fundos estruturados são investimentos complexos e exibem consideráveis riscos.

A questão é que muitos exibem características que potencialmente os tornam não adequados ao público em geral, como a concessão de crédito a empresas de menor porte que exibem riscos de inadimplência considerável ou ativos ilíquidos.

Se o seu perfil é menos arrojado e, ao observar o regulamento do fundo achar o produto muito complexo, este não é o tipo de ativo ideal para sua carteira.

Mas, se achar interessante, é preciso ponderar que a alocação em fundos estruturados não deve ter uma representatividade grande na carteira, justamente por conta do risco e liquidez.

O percentual ideal, entretanto, vai depender do seu perfil do investidor.

Obter uma rentabilidade maior através de investimentos em fundos estruturados também requer mais paciência, pois tais aplicações são compostas em ativos ilíquidos e são voltadas para o longo prazo.

Desta forma, um dos cuidados que o investidor precisa ter na hora de escolher um fundo é verificar o prazo de resgate que, por segurança, deve ser maior que D-720.

Se o fundo permitir que o resgate seja anterior a 2 anos por exemplo, corre-se o risco de ocorrer uma onda de resgate antes do vencimento dos títulos, causando perdas aos cotistas e levando à liquidação dos ativos.

É preciso ofertar o ativo certo para o perfil de investidor correto e evitar que o público geral corra perigos desnecessários, vide o que está ocorrendo em muitos fundos DI que continham risco de crédito privado e que levaram investidores desavisados a se depararem com cotas negativas no caso de Americanas (AMER3) e agora Light (LIGT3).

A definição para quem vai ser direcionada a oferta faz parte da ética do gestor.

Em momentos como o atual, sempre há oportunidades interessantes para operações de crédito estruturado.

Aqueles que conseguem atuar de maneira mais nichada tendem a conseguir comprar teses que ofereçam boa rentabilidade aos investidores ajustada ao risco do ativo. Mas atenção, esta não é uma verdade para todos.

Já o investidor, por sua vez, precisa observar com mais criticidade os ativos ofertados no mercado e não incorrer no erro de verificar somente a rentabilidade esperada sem analisar a contraparte.

Sócio e gestor da MAV Capital
Formado em Administração de Empresas pela Universidade de São Paulo, André Ito tem mais de 20 anos de experiência no mercado financeiro. Além de sócio responsável pelo time de Structured Finance e DCM na XP Investimentos ele também atuou em Investment Banking no BTG Pactual e como superintendente comercial dos bancos Pine e Pan. Além disso foi sócio responsável pelo Corporate Desk do Banco BBM.
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Formado em Administração de Empresas pela Universidade de São Paulo, André Ito tem mais de 20 anos de experiência no mercado financeiro. Além de sócio responsável pelo time de Structured Finance e DCM na XP Investimentos ele também atuou em Investment Banking no BTG Pactual e como superintendente comercial dos bancos Pine e Pan. Além disso foi sócio responsável pelo Corporate Desk do Banco BBM.
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