Estudo do BNDES sobre Angra 3 aponta custo maior da energia e mais R$ 23,9 bi para conclusão
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) atualizou os estudos para a conclusão da usina nuclear de Angra 3, no Rio de Janeiro, elevando a projeção da tarifa para um intervalo de R$ 778,86 a R$ 817,27/MWh, segundo comunicado da Eletronuclear nesta quarta-feira (5).
As projeções feitas em 2024 apontavam que o custo médio da energia seria de pouco mais de R$ 653/MWh para a usina, cujas obras estão paralisadas há vários anos.
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O estudo foi divulgado menos de um mês após o grupo J&F, dos irmãos Batista, ter fechado acordo para comprar por meio de sua subsidiária Âmbar Energia um participação da Axia (ex-Eletrobras) na Eletronuclear por R$ 535 milhões, a empresa de energia nuclear segue sendo controlada pelo governo, através da ENBPar.
O aumento no custo da energia ocorreu principalmente pela postergação da entrada em operação e da atualização dos custos de financiamento e investimento, segundo o estudo.
O custo estimado para conclusão de Angra 3 foi revisto para R$ 23,9 bilhões, ante R$ 23 bilhões em 2024, enquanto o custo para abandono do projeto varia de R$ 21,9 bilhões a R$ 25,97 bilhões, ante pelo menos R$ 21 bilhões na estimativa anterior.
Mesmo com o acréscimo na tarifa média de equilíbrio e dos custos, a Eletronuclear informou que o valor será inferior ao das maiores das térmicas que operam no país, “considerando os Custos Variáveis Unitários (CVU) acrescidos da Receita Fixa pela disponibilidade (aferida mesmo sem despacho da usina)”.
“Tornaria Angra 3, juntamente com Angra 1 e 2, as térmicas mais competitivas desse porte no subsistema Sudeste”, afirmou a Eletronuclear.
Angra 3 está projetada com uma potência de 1.405 megawatts
O estudo do BNDES também apontou um prazo maior para a conclusão da obra, em 2033, enquanto que a estimativa anterior indicava entrada em operação em 2031.
A retomada da obra de Angra 3 deve ser novamente discutida em reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), ainda este ano.
O projeto de Angra 3 já consumiu cerca de R$ 12 bilhões, mas segue sem definição quanto à sua conclusão.
Enquanto não há decisão do CNPE, a Eletronuclear desembolsa aproximadamente R$ 1 bilhão por ano apenas para manter o empreendimento, sendo R$ 800 milhões referentes ao serviço da dívida junto ao BNDES e à Caixa Econômica Federal, disse a companhia.