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Eternit deixa de usar amianto em seus produtos e mina produzirá só para exportação

11 jan 2019, 12:13 - atualizado em 11 jan 2019, 12:13

Por Arena do Pavini – A Eternit (ETER3), líder de mercado no Brasil no segmento de telhas e coberturas, com atuação também nos segmentos de louças e metais sanitários, caixas d’água e painéis de cimento, informou hoje que deixou de utilizar o amianto, como é conhecida a fibra mineral crisotila, como matéria-prima na produção de telhas de fibrocimento. A substituição pela fibra sintética foi feita gradualmente ao longo dos últimos anos e concluída ao fim de 2018, conforme a empresa havia anunciado em 27 de novembro de 2017.

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A ação ordinária (ON) da Eternit na B3 está em alta de 1,3% hoje, depois de acumular 6,8% no ano até ontem. Em 2018, porém, o papel caiu 49,3%, em grande parte pelo desgaste causado pelo uso de amianto em seus produtos.

Batalha judicial pelos problemas com o amianto

A empresa, que é dona de uma mina de amianto, trava uma batalha há anos com as autoridades brasileiras, ONGs e sindicatos para manter o uso do produto, alegando que os problemas que ele causa para a saúde podem ser controlados e que o tipo de fibra usado no Brasil é diferente do que causou o banimento do produto na Europa e nos Estados Unidos. Se aspirado, o pó com a fibra de amianto penetra nos pulmões e mata as células, podendo ainda causar câncer. Os produtos como telhas e caixas d’água só apresentam riscos se soltarem as fibras, mas podem apresentar perigo quando são cortados ou quando são quebrados e descartados, provocando poeira.

Durante anos antes das denúncias dos problemas do amianto e do aumento dos controles, porém, trabalhadores da empresa ou usuários dos produtos estiveram expostos ao pó de amianto e adquiriram doenças respiratórias graves e moveram ações na Justiça contra a companhia.

Fábricas não usam mais amianto

Segundo a Eternit, a utilização do amianto foi interrompida em todas as cinco fábricas que produzem telhas, entre outros produtos, localizadas no Rio de Janeiro (RJ), em Colombo (PR), Simões Filho (BA), Goiânia e Anápolis (GO). A companhia ressalta que o uso e a comercialização da substância continuam sendo permitidos, por força de liminar do Supremo Tribunal Federal, até que uma decisão final seja tomada pela Corte. Mas afirma que, mesmo estando em conformidade com a legislação vigente, decidiu dar prosseguimento às mudanças com base em um plano estratégico da empresa.

Tendência de mercado, diz presidente

O presidente da Eternit, Luis Augusto Barcelos Barbosa, explica que a decisão acompanhou antes de mais nada uma tendência de mercado. “Como havíamos antecipado, ao longo dos últimos meses, reforçamos os investimentos necessários para a troca de máquinas e equipamentos e adaptamos o processo tecnológico e industrial para o uso da fibra sintética de polipropileno”, disse em nota divulgada pela empresa. “Nossa decisão foi baseada no fato de que o mercado brasileiro vem deixando, há alguns anos, de consumir produtos que contêm amianto”, admitiu.

Segundo ele, independentemente de questões jurídicas, a redução da demanda  levou a empresa a buscar alternativas. “Hoje, a nossa fábrica em Manaus produtora de polipropileno já está atingindo 80% da sua capacidade e abastece todas as unidades do grupo que utilizam a fibra sintética”, diz o executivo. O polipropileno também é usado na fabricação de painéis, módulos estruturais, pisos cimentícios, entre outros produtos da Eternit.

Sama continuará exportando amianto

A Eternit informa ainda que decidiu interromper a comercialização de fibras de amianto no mercado nacional por parte da sua controlada Sama. A mineradora, única do país a fazer a extração da fibra mineral crisotila – representando a principal fonte econômica da cidade de Minaçu (GO) – continuará suas operações, direcionando sua produção exclusivamente para o mercado externo. A exportação atende clientes em dezenas de países onde o produto é permitido para aplicações industriais, tais como Estados Unidos, Alemanha, Índia, Indonésia, Malásia e outros países asiáticos.

Na nota, a Eternit “reforça o seu compromisso de trabalhar dentro das melhores práticas de segurança, cuidado com o meio ambiente, sempre comprometida com a comunidade e seus colaboradores, de acordo com as normas e leis que regem o setor.”

Capital aberto desde 1948

O Grupo é líder de mercado no segmento de coberturas, com atuação nos segmentos de louças e metais sanitários, caixas d’água e painéis cimentícios. A Eternit está presente no Brasil desde 1940 e conta hoje com cerca de 2.000 colaboradores diretos e indiretos (em todas as unidades do Grupo Eternit), 8 fábricas próprias, 1 mineradora, 5 filiais de vendas, além de 15 mil revendedores por todo o Brasil – o que a torna presente em todo o território nacional.

O Grupo Eternit é uma companhia de capital aberto desde 1948, com ações na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBOVESPA), negociadas no Novo Mercado, segmento que congrega as empresas que voluntariamente assumiram o compromisso com as mais elevadas práticas de governança corporativa.

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