Tarifas do Trump

EUA fecham acordo total com Coreia do Sul com tarifa de 15% e US$ 350 bi em investimentos; montadoras perdem vantagem

31 jul 2025, 5:36 - atualizado em 31 jul 2025, 5:49
Coreia do Sul
Acordo acaba com vantagem de montadoras coreanas sobre as japonesas (Divulgação via REUTERS)

Os Estados Unidos e a Coreia do Sul fecharam um acordo comercial “total e completo”, com uma tarifa de 15% sobre as importações como parte de um acordo com o parceiro comercial asiático que evita taxas ainda mais altas. Em abril, o presidente dos EUA, Donald Trump, havia imposto tarifa de 25% a Coreia do Sul.

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“Tenho o prazer de anunciar que os Estados Unidos da América concordaram com um acordo comercial total e completo com a República da Coreia”, disse Trump em sua rede social, acrescentando que o presidente sul-coreano Lee Jae Myung visitará a Casa Branca “nas próximas duas semanas”.

Como parte do acordo, a Coreia do Sul deve investir US$ 350 bilhões nos EUA em projetos selecionados por Trump e comprar US$ 100 bilhões em gás natural liquefeito e outros produtos energéticos, de acordo com presidente norte-americano.

Não foram apresentados detalhes de como os acordos de investimento devem ser estruturados ou em que prazo. Trump disse que outros investimentos seriam anunciados posteriormente.

Trump também informou que a Coreia do Sul aceitará produtos norte-americanos, incluindo carros, caminhões e produtos agrícolas, em seus mercados e não vai impor taxas de importação sobre eles.

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Reações

Para Kathleen Oh, economista-chefe do Morgan Stanley para a Coreia do Sul, o acordo “evita o pior” e confere um certo alívio ao remover os riscos tarifários específicos, colocando o país em pé de igualdade com seus concorrentes de exportação.

“Agora que a incerteza sobre o acordo comercial foi eliminada, o Banco da Coreia deve revisar para cima sua previsão de crescimento com base no mais recente pacote de estímulos. Acreditamos que a estabilização contínua do mercado imobiliário agora é a chave antes de vermos o próximo corte (de juros) em agosto”, comentou.

Apesar de concordar com a avaliação de que o pior foi evitado, o ex-ministro do comércio da Coreia do Sul Cheong In-Kyo quer conhecer os detalhes do acordo sobre os investimentos de US$ 350 bilhões.

“Dependendo de como e onde os US$ 350 bilhões serão usados, esse fundo será visto de maneiras diferentes. Se esse dinheiro for apenas para os EUA ou apoiar os investimentos de empresas sul-coreanas no país. Se os investimentos forem de empresas sul-coreanas, isso pode ser útil no sentido de que elas podem ocupar o espaço deixado pela saída da China, enquanto os EUA reformam sua indústria”.

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Montadoras perdem vantagem

Se a primeira vista o acordo tarifário de 15% não é tão ruim, visto que outros países competidores tem as mesmas taxas, o detalhe mostra que as montadoras sul-coreanas perdem a vantagem que tinham frente a competidoras japonesas antes da guerra comercial iniciada por Trump.

Até abril deste ano, não havia tarifas sobre a maioria das importações de carros sul-coreanos graças a um acordo bilateral, enquanto os carros japoneses enfrentavam uma tarifa de 2,5%. Apesar de negociadores sul-coreanos terem exigidos uma tarifa de 12,5% para automóveis, Trump insistiu em 15%, informou o gabinete presidencial da Coreia do Sul.

Nesta quinta-feira (31), as ações da Hyundai Motor caíram 4,5%, enquanto os papéis da Kia Corp recuaram 6,6%.

A associação de montadoras da Coreia do Sul classificou os cortes nas tarifas como “algo positivo”, dizendo que isso remove a incerteza e cria condições de concorrência justas com rivais japoneses e europeus.

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A Hyundai declarou que o acordo “valida nossa confiança inabalável no mercado dos EUA e nosso compromisso com a produção americana”.

“Nosso plano de investimento de US$ 21 bilhões até 2028, somando-se ao compromisso já existente de US$ 20,5 bilhões, representa um dos maiores investimentos estrangeiros na história da indústria automotiva americana. Nossos investimentos nos EUA criarão mais de 100 mil empregos diretos e indiretos, apoiando 570 mil empregos americanos. Este acordo garante que possamos continuar expandindo esses compromissos com confiança”, disse a Hyundai.

Com informações da Reuters

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fernando.antunes.ext@moneytimes.com.br