EUA: Itaú vê pausa nos cortes de juros pelo Fed até definição de novo presidente
O Federal Reserve (Fed) deve interromper o ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos ao menos até a definição do novo presidente da instituição, que tende a ser mais tolerante com a inflação. A avaliação é de Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú, e sua equipe, que apontam que o cenário de atividade, mercado de trabalho e inflação sustenta uma pausa.
“Nos EUA, a atividade segue resiliente, o mercado de trabalho mostra sinais de estabilização e a inflação permanece estável, mas acima da meta”, afirma.
A expectativa do banco é de uma desaceleração temporária do Produto Interno Bruto (PIB) no quarto trimestre, com efeitos da paralisação do governo norte-americano, passando de 3% no terceiro trimestre para 1% nos quatro últimos meses do ano. Em 2026, a expectativa é de uma estabilização em 2%.
No mercado de trabalho, a leitura é de acomodação em patamar moderado. O conjunto de indicadores de emprego mostra sinais de “estabilização em níveis moderados”, com a criação de vagas no payroll privado em 75 mil na média móvel de três meses.
A inflação, por sua vez, “permanece elevada e sem muitos sinais de desaceleração”, apesar de leituras recentes um pouco melhores. Os núcleos têm rodado no ritmo de 0,2% na variação mensal, o que indica, até o momento, um efeito até aqui “modesto” das tarifas.
Nesse contexto, para a política monetária, o banco projeta dois cortes de juros no segundo semestre do ano que vem, levando a taxa para o intervalo de 3% a 3,25%.
Mesquita acredita que o novo presidente do Fed deve ser mais tolerante com a inflação e mais sensível às pressões por juros mais baixos. Mesmo com a mudança de comando, ele observa que a diretoria do baco central deve permanecer dividida.
O economista aponta ainda um cenário de risco em que a oposição dos demais integrantes do Fed seja menor ou em que haja a substituição desses membros por outros mais tolerantes com a inflação.
Possíveis cortes adicionais levariam a um maior crescimento nos próximos anos — de 2,0% para 2,2% —, inflação persistentemente alta em 3,0% a 3,5% e uma inclinação maior da curva de juro, diz.