Vai cortar juros: Tarifas são inflacionárias, mas Fed precisa agir sobre efeitos secundários, diz economista-chefe do JP Morgan

A desaceleração da economia dos Estados Unidos (EUA), impulsionada pelo impacto das tarifas comerciais adotadas por Donald Trump, abre espaço para o Federal Reserve cortar os juros do país, avaliam economistas.
Na 26ª Conferência Anual do Santander, a economista-chefe do JP Morgan para a América Latina, Cassiana Fernandez, afirmou que a política tarifária tende a bater no crescimento da atividade. “Não é porque economia americana surpreendeu o crescimento até agora que vai continuar surpreendendo.”
Segundo ela, o cenário para a segunda metade do ano é de arrefecimento da atividade norte-americana, o que justificaria cortes de 0,25 ponto percentual por reunião nos juros até o primeiro trimestre de 2026. A queda deve ser gradual devido às incertezas do cenário.
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A economista destacou que as tarifas devem impactar a inflação e o peso disso ficará para o setor privado dos EUA. No entanto, o banco central do país precisa atuar nos demais efeitos da nova política comercial — a desaceleração da atividade.
“O choque tarifário é inflacionário, mas o Federal Reserve tem que agir sobre os efeitos secundários”, disse Fernandez.
“Se estivermos certos de que a economia americana vai começar a desacelerar, o risco do efeito secundário de um choque inflacionário é menor, ainda mais em um ambiente que as expectativas continuam controladas.”
Na mesma linha, Fernando Honorato, economista-chefe do Bradesco, afirmou que, com as tarifas, a economia do país opera com menos eficiência.
Ele disse ainda que o aumento da incerteza sobre a política econômica dos EUA é um dos fatores que tendem a pressionar a moeda norte-americana.
Apesar da perda de fôlego em curso, os economistas avaliam que a economia norte-americana não deve entrar em recessão.