Internacional

Europa enfrenta falta de profissionais médicos em segunda onda do coronavírus

25 out 2020, 14:04 - atualizado em 23 out 2020, 16:37
coronavírus saúde
Com menos casos graves atualmente, os hospitais têm conseguido administrar a situação, mas sinais de pressão se multiplicam (Imagem: Peter Ilicciev/Fiocruz)

A Europa se prepara para o impacto do aumento de casos de coronavírus nos hospitais, e autoridades estão muito preocupadas com um recurso essencial: equipes médicas experientes.

Durante a primeira onda da pandemia, houve corrida por leitos extras e governos pressionaram fabricantes para produzir respiradores e máscaras. Agora há material disponível, mas a falta de médicos, enfermeiras e técnicos coloca os serviços de saúde à prova, já que o número recorde de casos atinge a região simultaneamente.

A Europa voltou a se tornar epicentro global do coronavírus, que infectou mais de 5 milhões de pessoas e causou mais de 200 mil mortes no continente. Alemanha e República Tcheca registraram números recordes de novos casos na quinta-feira, um dia após a Itália também divulgar o maior total diário desde o início da pandemia e a Espanha se tornar o primeiro país da Europa Ocidental a superar 1 milhão de infecções.

Com menos casos graves atualmente, os hospitais têm conseguido administrar a situação, mas sinais de pressão se multiplicam.

Na República Tcheca – o país europeu mais atingido -, o primeiro-ministro Andrej Babis decretou uma paralisação parcial na quarta-feira e avisou que o sistema hospitalar pode entrar em colapso no início do próximo mês.

O governo já alistou estudantes de medicina e pediu aos médicos que trabalham no exterior que voltem para casa. Hospitais convocam voluntários e oferecem empregos de meio período para equipes médicas, de limpeza e manutenção.

As forças armadas estão montando um hospital de campanha em Praga, enquanto o embaixador dos EUA anunciou na quarta-feira que o país enviaria equipe médica militar para ajudar.

Embora o Leste Europeu esteja particularmente exposto por causa do subfinanciamento crônico para o setor de saúde – a Polônia está montando hospitais temporários em estádios e centros de conferências -, a situação é semelhante na Bélgica.

No segundo pior surto da Europa, autoridades buscam recrutar funcionários de restaurantes desempregados, aposentados e refugiados para preencher a lacuna. Com tantos belgas atualmente em quarentena, há menos pessoas disponíveis para tratar os doentes do que durante a primeira onda na primavera europeia.

“Temos menos trabalhadores no campo agora, e isso é um problema real”, disse Jan-Piet Bauwens, vice-presidente do sindicato Setca.

As instalações médicas belgas reservam atualmente 50% dos leitos de UTI disponíveis para pacientes com Covid-19. Algumas clínicas em Bruxelas e na província de Liège transferiram pacientes para outros hospitais pois atingiram o limite.

No entanto, a situação não é tão grave em todos os países. O Reino Unido possui os chamados hospitais Nightingale, projetados para lidar com um aumento repentino de pacientes com coronavírus. Alguns deles não foram usados durante a primeira onda e os que estavam em operação trataram apenas um pequeno número de pessoas.

As chances de um paciente hospitalizado com caso grave de Covid-19 sobreviver por pelo menos 28 dias aumentou para 72% para pessoas internadas desde setembro, em comparação com 61% anteriormente, de acordo com relatório do Intensive Care National Audit & Research Centre. As taxas de sobrevivência melhoraram em todos os grupos de idade, sexo e raça, segundo os dados.

Mas, mesmo na Alemanha, que registrou número de casos mais baixo do que a maioria de seus vizinhos, a situação preocupa. Com mais de 70% dos leitos de terapia intensiva ocupados, um aumento dos casos graves de Covid-19 poderia rapidamente deixar de lado outros pacientes.

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