Ex-presidente do Banco do Brics, Marcos Troyjo destaca força dos EUA e diz que dólar seguirá dominante

O ex-presidente do Banco do Brics, Marcos Troyjo, destacou o fortalecimento estrutural da economia americana e defendeu que o investidor brasileiro precisa olhar para os Estados Unidos não apenas como oportunidade — mas como necessidade.
“O fato é que diversificar, ter uma atenção prioritária ao mercado norte-americano, seja do ponto de vista exportador ou do ponto de vista de portfólio, mais do que uma opção, é um imperativo da realidade”, afirmou durante o Avenue Connection, evento realizado nesta quinta-feira (17) em São Paulo.
“Na diversificação de portfólio, não é somente renda fixa ou variável. Você também tem uma diversificação de produtos e geográfica”, destacou.
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EUA: ‘Bomba de sucção de liquidez’
Segundo ele, os Estados Unidos atravessam um ciclo de crescimento e fortalecimento da liderança global, com perspectiva de continuidade.
“Você tem uma economia de US$ 30 trilhões, com carga tributária em queda, melhoria nos processos de desburocratização e desregulamentação. É natural que, nos próximos anos, se transformem numa grande bomba de sucção de liquidez”, avaliou.
Troyjo apontou que, entre 2010 e 2011, a economia americana era seis vezes maior que a do Brasil. Hoje, essa diferença chega a 12 vezes.
Ele também relembrou que, em 2008, quando o Lehman Brothers quebrou, a renda per capita nos EUA era de 10 a 15 vezes maior que a da zona do euro – atualmente, é o dobro.
“Hoje temos três empresas norte-americanas – Nvidia, Apple e Microsoft – que, individualmente, possuem valor de mercado superior ao de toda a Bolsa de Frankfurt”, destacou.
O ex-presidente do Banco do Brics também ressaltou que a China, que de 2001 a 2019 teve uma trajetória íngreme de crescimento, agora voltou a se distanciar dos Estados Unidos.
“Apesar de a economia chinesa ter ultrapassado a americana em termos de paridade de poder de compra, a distância entre os dois países voltou a crescer nos últimos cinco anos quando se olha o PIB nominal.”
O dólar está fraco?
Ao comentar sobre o dólar, Troyjo foi enfático ao dizer que a moeda norte-americana deve continuar exercendo protagonismo global.
“A presença do dólar em contratos é enorme, com cerca de 90% do comércio internacional. Cerca de 75% das reservas dos bancos centrais do mundo também continuam alocadas na moeda americana”, ressaltou.
Quando questionado sobre a fragilidade da divisa americana, Troyjo mostrou ceticismo quanto a alternativas, principalmente em relação aos criptoativos.
“Você tem que substituir alguma coisa por outro coisa, e que outra coisa seria essa? Com relação a criptomoedas, acho muito difícil você ter como referência algo que bancos centrais não podem controlar.”