WEG (WEEG3) na mínima: Analistas cortam preço-alvo em até R$ 13 e não veem poder de reação para a ‘fábrica de bilionários’

A WEG (WEGE3) é uma das empresas mais queridas e admiradas da bolsa — e não à toa: a ação disparou 22.000% desde o início do século.
Tamanha valorização fez com que 29 dos controladores entrassem na lista de bilionários da Forbes, o que rendeu à companhia o apelido de fábrica de bilionários.
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Se no longo prazo a fabricante catarinense é motivo de orgulho para os acionistas, no curto a história é outra.
Mesmo com o Ibovespa subindo mais de 20% no ano e renovando máximas, a WEG não acompanhou o movimento. Pelo contrário: acumula queda de 32% em 2025. A dúvida que surge é se esse tombo representa uma oportunidade de entrada em uma empresa vista como sólida.
Não para os analistas
Nesta semana, pelo menos três casas revisaram o papel. O Bradesco BBI cortou o preço-alvo em R$ 6, de R$ 50 para R$ 44, mantendo recomendação neutra.
O Citi foi ainda mais duro: reduziu o preço-alvo de R$ 53 para R$ 40 e rebaixou a indicação de compra para neutra. O Itaú BBA também ajustou projeções para baixo.
De forma geral, a avaliação é que a ação até parece mais barata em múltiplos, mas os riscos que a companhia enfrenta não compensam entrar no papel agora.
“O potencial de valorização baseado no fluxo de caixa descontado (DCF) é positivo, mas acreditamos que as ações podem continuar sem impulso no curto prazo, visto que os próximos resultados trimestrais provavelmente serão fracos”, afirma o Bradesco BBI.
Segundo cálculos, o P/L (preço sobre lucro) da WEG está em 24 vezes para 2025 e 23 vezes para 2026 — um desconto de 10% frente aos pares globais.
O problema é que o crescimento atual da receita está abaixo da maioria dos concorrentes, que negociam a múltiplos ainda mais altos.
Ambiente desfavorável
Na visão do Citi, o curto prazo piorou para a companhia no segmento de motores elétricos de ciclo curto.
Os analistas reconhecem que a WEG tem poder de precificação em mercados estratégicos, como rede elétrica dos EUA e datacenters. Contudo, esse ciclo é impactado pela tarifa de 50% sobre importações de alumínio e aço nos EUA, além de uma demanda global mais fraca.
“Isso, somado a um real forte, indica um segundo semestre mais fraco para a WEG em termos de crescimento de receita, com queda de 1% no ano. Estimamos que o crescimento volte a dois dígitos apenas no 3T26”, destaca o Citi.
O Itaú BBA também cita fatores macroeconômicos que jogam contra a companhia:
- fraco momentum operacional;
- impacto das tarifas de importação;
- efeito da base de comparação, já que no ano passado o dólar estava em R$ 5,85 e hoje gira em torno de R$ 5,30.
No câmbio, o BBA calcula que a taxa média de R$ 5,54 no 3T24 e de R$ 5,84 no 4T24 deve cair para R$ 5,45 no 3T25, o que representa um obstáculo de 2% a 7% na receita em relação ao ano anterior.
Tarifas de Donald Trump
As tarifas impostas pelo presidente dos EUA também pesam. Segundo o Itaú BBA, a WEG deve absorver parte do aumento tarifário enquanto transfere parte da produção da China para o México — um processo que gera custos adicionais.
O banco projeta impacto direto na rentabilidade:
- queda de 50 pontos-base no Ebitda do 3T25, para 21,6%;
- redução de 70 pontos-base no ano fiscal, com 30% desse efeito já no terceiro trimestre.
Dia do investidor da WEG: qual será o clima?
Em meio ao turbilhão de revisões negativas, a WEG realiza em 3 de outubro seu Investor Day.
O Itaú BBA acredita que o evento será grandioso e reforçará a imagem de uma gestão de qualidade, além de destacar as oportunidades de longo prazo. Contudo, não espera que os investidores saiam mais otimistas no curto prazo.
“O mais provável é que seja o oposto — pelo menos desta vez”, avaliam.
O Bradesco BBI também não espera guidance formal ou sinais de forte desempenho imediato.
“A administração da WEG deve focar em mostrar otimismo em relação às oportunidades de longo prazo e explicar como está se posicionando para capturá-las”, conclui o relatório.