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“Falar que a indústria de fundos vive o pior momento da história é exagero”, diz fundador da Acqua Vero

18 jul 2022, 13:06 - atualizado em 18 jul 2022, 13:06
A expectativa da AVIN Asset é captar R$ 600 milhões já no primeiro ano de vida

A Acqua Vero Investimentos dá mais um passo para enriquecer seu ecossistema, com a compra da gestora BlueGriffin, que passará a se chamar AVIN Asset.

Além da operação, a gestora, que tem um fundo listado, deve lançar outros três fundos no curto prazo para investidores de varejo, nas classificações Multimercado, Renda Fixa (Crédito Privado) e Renda Variável (FOF de fundos imobiliários).

A expectativa da AVIN Asset é de captar R$ 600 milhões já no primeiro ano de vida.

A operação parece contraditória, já que os fundos de investimentos vivem um ano para esquecer. Segundo a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), no ano, os fundos multimercados acumulam resgate de R$ 63 milhões, e os fundos de ações R$ 47 milhões.

Porém, Eduardo Akira, sócio e co-fundador da Acqua Vero Investimentos, que conversou com o Money Times, afirma que dizer que a indústria de fundos vive um dos seus piores momentos parece um exagero.

“Precisamos entender que o mercado é cíclico. Vivemos um momento delicado, o mundo está entrando em recessão, temos o ano eleitoral no Brasil. Mas o que vemos é uma migração de classe de ativos. Em um momento desses, em que a taxa de juros volta para os 14%, o investidor tem mais aversão ao risco e então busca ativos de renda fixa”, diz.

E, se olharmos, os dados da Anbima, é possível chegar à mesma conclusão. No ano, os fundos de renda fixa acumulam captação de R$ 131 milhões.

“Dizer que é uma catástrofe na indústria de fundos é muito forte. Obviamente que as casas que são monoprodutos, como gestoras de fundos de ações única e exclusivamente, em um momento desses acabam sofrendo mais”, completa.

Na entrevista, Akira também falou sobre os detalhes da operação, as expectativas e as demandas de novos investidores. Confira:

Money Times: Como foi esse processo de compra da BlueGriffin?

Eduardo Akira: Com o nosso plano de negócios para virar uma corretora, nós estamos construindo um ecossistema que precisamos ter. Dentre todos os negócios, a gestora de fundos é um braço que faz sentido para o negócio.

Avaliamos montar uma gestora do zero e fazer a contratação de um time.

Mas isso leva mais tempo, precisa passar por todas as burocracias, além de fazer a contratação do zero. E uma segunda opção era achar um sócio estratégico que faria essa associação conosco e que já estive funcionando, que estive com um time montado.

Surgiu a oportunidade de fazer a associação com a Blue Griffin, que já era de sócios conhecidos nossos, que conhecíamos do mercado e pessoal. Nunca conversamos sobre essa possibilidade, até que veio a oportunidade.

Iniciamos nossas conversas há três meses. Entendemos onde havia as sinergias, até chegarmos no formato atual.

MT: Quais são as expectativas do novo negócio?

Eduardo Akira: Dentro do nosso grupo, temos uma grande demanda por gestão discricionária, para a parte de fundos exclusivos, carteira administradas, aquele guarda-chuva de gestão de patrimônio.

Temos grandes famílias atendidas pelos agentes autônomos, que, no final, possuem mais sofisticação em suas alocações e necessitam de estruturas mais eficientes tributariamente.

Faz todo sentido direcionar isso para o nosso braço da gestora, onde teremos o serviço de gestão de patrimônio.

Outro ponto é que temos uma demanda grande por fundos estruturados de crédito, que são trazidos por empresas.

Temos um braço no nosso grupo que só atende pessoas jurídicas. Possuímos também um braço de investment banking, que faz a parte de reestruturação de dívidas e, no final, tem muita sinergia com a parte de fundos.

Além disso, temos os fundos abertos, como multimercado e de crédito privado. Hoje, a casa já conta com um fundo, o global equities, de investimento no exterior, que possui demanda não só dos nossos clientes como em outras plataformas. Há previsão de, nos primeiros 12 meses, alcançar a marca de R$ 600 milhões em patrimônio sobre gestão.

MT: A indústria de fundos vive um dos seus piores momentos ou é um exagero falar isso?

Eduardo Akira: É algo exagerado. Precisamos entender que o mercado é cíclico. Vivemos um momento delicado, o mundo está entrando em recessão, temos o ano eleitoral no Brasil.

Mas o que vemos é uma migração de classe de ativos. Em um momento desses, em que a taxa de juros volta para os 14%, o investidor tem mais aversão ao risco e, então, busca ativos de renda fixa.

Vale lembrar que os fundos possuem várias classes. Então, temos desde os fundos mais conservadores até os mais agressivos.

O que nós vemos agora é o investidor preferindo os fundos de renda fixa, sejam eles indexados à inflação, pré-fixados ou pós-fixados, ou fundos de crédito estruturado, que vão te trazer uma renda fixa, ao invés de investir em fundos multimercados, fundos de ações, que obviamente estão sofrendo mais agora.

Mas dizer que é uma catástrofe na indústria de fundos é muito forte. Obviamente que as casas que são monoprodutos, como gestoras de fundos de ações única e exclusivamente, em um momento desses acabam sofrendo mais.

Agora, as casas que são multiprodutos, que possuem fundos de renda fixa, fundos multimercados, fundo de ações,  sofrem menos porque diminuem em um potinho e aumentam em outro.

MT: Então, há demanda para fundos?

Eduardo Akira: A demanda sempre tem. É claro que temos uma forte concorrência com as emissões bancárias, como CDBs, CDIs e os próprios créditos privados (CRIs, CRAs, debêntures), mas sempre tem uma oportunidade de investir em outros ativos, como fundos; porém, fundos conservadores, como os fundos de crédito privado, fundos de crédito estruturado, fundos multimercado de baixa volatilidade, ativos que possuem menos risco.

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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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