Fed à luz de velas: Powell decide juros em meio a apagão de dados; o que esperar do Ibovespa nesta quarta (29)
O Federal Reserve se reúne nesta quarta-feira para definir os próximos passos da política monetária dos Estados Unidos, em meio ao apagão de dados econômicos causado pelo shutdown do governo.
A decisão não deve surpreender o mercado. Na verdade, um novo corte na taxa de juros já é amplamente esperado: segundo a ferramenta CME FedWatch, 96,7% das apostas apontam para um afrouxamento de 0,25 ponto percentual.
Na reunião de setembro, o Fed também divulgou as projeções atualizadas dos seus dirigentes. A mediana das expectativas indica que os juros devem encerrar 2025 em 3,6%, o que sugere mais cortes nas reuniões restantes deste ano.
Caso se confirme, este será o segundo corte do atual ciclo do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), levando a taxa para o intervalo de 3,75% a 4% ao ano.
Com o cenário praticamente precificado, os holofotes se voltam para o discurso de Jerome Powell. A principal dúvida é como o Fed vai lidar com o apagão de dados econômicos, que dificulta as análises e pode levar a uma pausa nos cortes.
Powell também enfrenta pressão política. Ontem, o presidente Donald Trump voltou a criticá-lo, afirmando que há uma “longa lista” de nomes prontos para assumir o comando do Fed.
“Temos um chefe incompetente no Fed… um cara ruim, mas ele sairá em alguns meses e teremos alguém novo”, disse Trump a empresários durante um jantar em Tóquio, parte de sua viagem de uma semana pela Ásia.
O mandato de Powell termina em maio. Entre os nomes cotados por Trump para substituí-lo estão o chefe do Tesouro, Scott Bessent (seu favorito); o assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett; o ex-diretor do Fed, Kevin Warsh; o atual diretor, Christopher Waller; a vice-presidente de supervisão, Michelle Bowman; e o executivo da BlackRock, Rick Rieder.
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Ibovespa
Por aqui, o dia já começou positivo: o Senado dos EUA aprovou um projeto de lei que propõe revogar as tarifas adicionais de 40% aplicadas ao Brasil, após avanços nas negociações bilaterais e o recente encontro entre os presidentes dos dois países.
O texto justifica a medida com base no impacto das tarifas sobre os preços, especialmente do café. Agora, a proposta segue para análise na Câmara, de maioria republicana.
Os investidores também acompanham a temporada de balanços corporativos. Agora de manhã o Santander (SANB11) deu o pontapé inicial dos resultados dos bancões com lucro líquido gerencial de R$ 4 bilhões no terceiro trimestre de 2025, alta de 9,4% em relação ao mesmo período do ano passado.
Nesta quarta-feira, o mercado tem uma agenda movimentada, com a divulgação dos resultados trimestrais de empresas como Motiva (MOTV3), Bradesco (BBDC3), ISA Energia (ISAE4), Kepler Weber (KEPL3) e Mercado Livre (MELI34).
Com o retorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Brasil também coloca novamente em foco a questão fiscal. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que partes da medida provisória 1.303 que previa cortes de gastos devem ser incorporadas a um projeto de lei já em tramitação na Câmara dos Deputados.
Segundo Haddad, o presidente da Câmara, Hugo Motta, indicou que há deputados interessados em incluir os cortes de despesas em projetos de sua autoria. Caso o trecho seja aprovado, a expectativa é de que grande parte do problema orçamentário do governo seja solucionada.
No último pregão, o Ibovespa (IBOV) terminou em alta de 0,31%, aos 147.428,90 pontos, com avanço pela quinta sessão consecutiva e em novo recorde nominal histórico. O maior nível de fechamento anterior foi registrado na véspera (27), aos 146.969,10 pontos.
Esse foi o 16º recorde do Ibovespa em 2025.
Já o dólar à vista (USBRL) encerrou as negociações a R$ 5,3597, com queda de 0,20%.
O iShares MSCI Brazil (EWZ), o principal fundo de índice (ETF) brasileiro em Nova York, subiu 0,74% no after-market de ontem, cotado a US$ 31,15.
Mercados internacionais
No exterior, os investidores acompanham uma semana decisiva da temporada de balanços. Cinco das chamadas “Sete Magníficas” apresentam seus resultados: Microsoft, Alphabet e Meta divulgam hoje, enquanto Apple e Amazon ficam para amanhã.
Outro ponto de atenção é o encontro entre Trump e o presidente da China, Xi Jinping. A expectativa é de avanços nas negociações sobre as tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos. Do lado chinês, há sinais de que o governo pode adiar as restrições às exportações de minerais raros e retomar as compras de soja norte-americana. Em troca, os EUA poderiam suspender a aplicação de novas tarifas sobre produtos chineses.
Na Ásia, as bolsas encerraram o pregão sem direção única. Na Europa, os principais índices, assim como os futuros de Nova York, registram desempenho misto nas primeiras horas do dia.
- Petróleo
Os preços do petróleo operam perto da estabilidade nesta manhã, enquanto os investidores aguardam o próximo encontro da Opep+, previsto para domingo (2). A expectativa é de que o grupo discuta um possível aumento moderado na produção a partir de dezembro. - Criptomoedas
As criptomoedas operam no negativo. O bitcoin (BTC) é negociado nos US$ 112 mil, apresentando uma queda de 1,3%. Já o ethereum (ETH) recua 2,8% e é negociado nos US$ 4 mil.
Agenda: Veja a programação para hoje
Indicadores econômicos
- 11h – EUA – Vendas de imóveis pendentes de setembro
- 11h30 – EUA – Estoques de petróleo da semana
- 14h30 – Brasil – Fluxo cambial semanal
- 14h30 – Brasil – Relatório Mensal da Dívida Pública de setembro
- 15h – EUA – Decisão de política monetária do Fed
- 15h30 – EUA – Coletiva de imprensa de Jerome Powell
Agenda – Lula
- A agenda do presidente não foi divulgada
Agenda – Fernando Haddad
- A agenda do ministro não foi divulgada
Agenda – Gabriel Galípolo
- Despachos internos
Morning Times: Confira os mercados nesta manhã
Bolsas asiáticas
- Tóquio/Nikkei: +2,37%
- Hong Kong/Hang Seng: Feriado
- China/Xangai: +0,70%
Bolsas europeias (mercado aberto)
- Londres/FTSE100: +0,44%
- Frankfurt/DAX: -0,05%
- Paris/CAC 40: -0,01%
Wall Street (mercado futuro)
- Nasdaq: +0,28%
- S&P 500: +0,10%
- Dow Jones: -0,27%
Commodities
- Petróleo/Brent: +0,03%, a US$ 63,84 o barril
- Petróleo/WTI: -0,02%, a US$ 60,14 o barril
- Minério de ferro: +1,93%, a US$ 111,63 a tonelada em Dalian
- Ouro: +1,34%, a 4.035,50 por onça-troy
Criptomoedas
- Bitcoin (BTC): -1,3%, a US$ 112.981
- Ethereum (ETH): -2,8%, a US$ 4.003,60