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Fed corta juros: Ibovespa já chegou a disparar 58% em outros ciclos; veja como se posicionar

17 set 2025, 15:53 - atualizado em 17 set 2025, 16:28
federal reserve fed juros estados unidos EUA
(Imagem: REUTERS/Jonathan Ernst)

O Federal Reserve confirmou o que 99% do mercado esperava: o primeiro corte dos juros desde dezembro de 2024, quando a taxa foi para 4,25% a 4,50% ao ano.

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Enfim, o banco central chegou à conclusão de que os indicadores nos Estados Unidos, principalmente a inflação, estão mais controlados.

Além de dar alívio para o consumidor americano, a tesoura de Jerome Powell trará impactos diretos para a bolsa brasileira.

Aliás, já traz, com o Ibovespa renovando máximas históricas, a 145 mil pontos, com alta de 20% no ano.

Disparada

Ao analisar o histórico, porém, em outros momentos de corte de juros, o Ibovespa chegou a saltar 58% em uma janela de seis meses, por exemplo.

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Isso ocorreu em 1998, quando o país vivia outro contexto econômico, é verdade.

Mas é fato que, com os títulos públicos nos EUA menos atrativos, bolsas de mercados emergentes, como o Brasil, ganham mais charme.

Lucas Carvalho, head do research da Toro, em entrevista ao Money Times, diz que o Brasil voltou ao radar do investidor estrangeiro, o comprador de bolsa nesse momento.

“Os agentes econômicos discutiram bastante os valuations das bolsas nos Estados Unidos, e os emergentes surgiram como alternativa”, afirmou.

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Para ele, o efeito da queda dos juros americanos é poderoso.

“Estamos falando do preço dos Treasuries, que impactam ativos no mundo todo. E não é só amanhã: há possibilidade de vários cortes até o fim de 2026. Isso gera otimismo e pode potencializar os mercados. Mas é claro que fatores domésticos também podem gerar realizações de lucro”.

Além do corte, o Fed indicou que reduzirá constantemente os custos dos empréstimos até o final deste ano.

Dólar fraco

Ele também recorda que houve enfraquecimento do dólar e busca por novas geografias.

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Nos últimos anos, a concentração era muito forte nos EUA, principalmente nas sete magníficas, dentro do S&P 500 (SPX).

Carvalho diz que nesses ciclos o dólar se enfraquece.

No ano, a moeda despenca e já negocia abaixo dos R$ 5,30, menor patamar em 15 meses.

“Com isso, investidores olham para o Brasil, onde a Selic em 15% está muito convidativa. Isso abre espaço para renda fixa (prefixados, indexados à inflação, ativos atrelados ao DI). Mas a renda variável também chama atenção”.

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Carvalho diz que, com a decisão do Fed, o BC terá mais um motivo para iniciar os cortes aqui

E os juros aqui no Brasil

Hoje, o Banco Central no Brasil também deverá se reunir para definir o futuro dos juros, com a expectativa de manter a atual taxa de 15% inalterada.

Pela leitura do mercado, os cortes só virão em dezembro ou no começo do ano que vem.

Carvalho diz que, com a decisão do Fed, o BC terá mais um motivo para iniciar os cortes aqui.

“Temos uma economia em desaceleração, inflação moderada (até deflação no IPCA de agosto), mercado de trabalho perdendo força e o real valorizado, ajudando no processo desinflacionário”.

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“É um combo: queda de juros nos EUA, condições internas favoráveis e efeito carry trade — captar em países de juros menores e aplicar aqui. Esse fluxo tem sustentado a alta do Ibovespa”.

Retaliação dos EUA pode frear alta?

Apesar do salto das bolsas, uma possível retaliação dos Estados Unidos ao Brasil ainda está no radar.

Na semana passada, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos de prisão pelo STF (Supremo Tribunal Federal), enquanto o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou que o país pretende anunciar, na próxima semana, sanções adicionais ao Brasil.

Apesar disso, Carvalho diz que a queda dos juros nos EUA é um grande macroevento que traz forte apetite por risco.

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“Se o movimento continuar lá fora, o Brasil tende a se beneficiar. Mas, claro, temos que monitorar também os riscos fiscais internos”.

Como se posicionar?

Em relatório, a XP lembra que, em média, o Ibovespa supera os ativos de renda fixa em ciclos de queda de juros, apresentando retorno de 32,1% em reais e 41,2% em dólares um ano após o primeiro corte de juros.

“Os títulos prefixados, representados pelo índice IRFM, lideram os retornos da renda fixa, mas ainda ficam atrás da performance da Bolsa”.

A corretora também destaca que, em três períodos — iniciados em 2002, 2003 e 2008 —, entregaram retornos excepcionalmente elevados para o Ibovespa.

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No relatório, a XP destaca que os setores ligados a commodities (como papel & celulose, óleo, gás & petroquímicos e mineração & siderurgia) tendem, em média, a apresentar desempenho inferior ao Ibovespa, enquanto setores domésticos (como propriedades comerciais e educação) costumam liderar.

Porém, após o primeiro corte, os setores de commodities tendem a se recuperar, superando os nomes domésticos.

Palavra é diversificação

Carvalho diz que o cenário, de fato, está positivo para a renda variável: bolsas nas máximas nos EUA (S&P e Nasdaq) e o Ibovespa também.

“Mas o investidor precisa ter alocação estruturada em renda variável internacional e no Brasil, sem abrir mão da renda fixa, que continua muito atrativa”.

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Ele diz que faz sentido prefixar em taxas altas agora, com produtos como CDBs, Tesouro Prefixado e letras financeiras.

“Ainda há ótimo timing para a renda fixa”.

Outro ponto é o ouro, que tem subido mais que os principais mercados, com disparada de quase 38% no ano.

“É um ativo alternativo importante, e temos produtos estruturados, ETFs e fundos especializados”.

Também há oportunidades em moedas: o DXY caiu quase 9% neste ano, rompeu o nível de 97 recentemente e está em 96.

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O enfraquecimento do dólar abre espaço para outras moedas, como o euro e divisas de emergentes.

“Portanto, contar com gestores experientes, que possam girar posições rapidamente conforme os cortes de juros avancem, faz muita diferença”.

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É também setorista de setor financeiro. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É também setorista de setor financeiro. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.