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Fed em curso para concretizar uma das políticas monetárias mais contracionistas de sua história

31 out 2022, 17:16 - atualizado em 31 out 2022, 17:32
Federal Reserve
Federal Reserve permanece em (Imagem: REUTERS/Jonathan Ernst)

O Federal Reserve se reunirá na quarta-feira (2) para decidir a nova etapa do ciclo de juros que atualmente conduz nos Estados Unidos.

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Como apontam as apostas do Fed Funds, que consiste das reservas que bancos comerciais e instituições depositam junto ao Federal Reserve, há mais de 80% de chance que o BC norte-americano anuncie um novo incremento de 0,75 ponto-percentual na taxa básica de juros, que pode chegar a 4,00% na banda superior.

Se confirmado, o aumento de novembro será o quarto da mesma magnitude, assinalando o maior ritmo de altas da história da instituição financeira. A análise é do Banco ING. 

Ritmo dos últimos ciclos monetários do Fed / Fonte: Macrobond, ING

A sucessão de aumentos intensos na taxa de juros tem sido motivada pela permanência da inflação no país. O PCE, indicador inflacionário utilizado pelo Federal Reserve, subiu 0,3% em agosto; já o núcleo da inflação avançou 0,6%, acima da expectativa dos mercados, em uma clara indicação de que a inflação colou nos bens e serviços da economia americana. No acumulado do ano, o PCE apresenta alta de 6,2% e o núcleo do indicador (que desconta itens voláteis como alimentos e combustíveis) chega a 4,6%.

Fed deve continuar pisando no freio da economia

Segundo análise do UBS Group, o fim do ciclo de altas ainda está longe de ser decretado. O grupo financeiro espera que o Fed execute um novo aumento de 0,75 pp. na reunião de dezembro (o Banco ING prevê um aumento de 0,50 pp.) e um outro incremento de 0,50 pp. no primeiro encontro de 2023.

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O UBS também espera que cada vez mais dirigentes do Fed passem a falar sobre uma taxa terminal igual ou superior a 5,00%, ante os 3,00-3,25% atuais.

A continuidade do aperto deve elevar o risco do ‘pouso forçado’ da economia americana O termo tem sido utilizado para descrever os efeitos colaterais que a política monetária contracionista pode exercer sobre o PIB do país.

O risco que mais preocupa agentes do mundo político e econômico é a chegada de uma recessão econômica, com consequências diretas no mercado de trabalho, produtividade das empresas e nas margens de lucro. Dados recentes, no entanto, mostram que os EUA ainda resistem às tendências de desaceleração, com a economia crescendo 2,6% no terceiro trimestre.

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Demanda por dólar permanecerá forte

O Banco ING aponta que outro efeito da duração da política monetária contracionista será a contínua apreciação do dólar. A moeda americana se tornou um ‘porto seguro’ para investidores internacionais que desejam diminuir a exposição ao risco, alocando mais de seus recursos em ativos seguros.

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O aumento dos rendimentos dos títulos da dívida pública estadunidense, um desses ativos considerados de baixo risco, atrai mais capital comprado em dólar, aumentando, portanto, o preço da moeda. Atualmente, as T-notes de 10 anos (títulos de longa duração) operam com rendimentos (yields) acima de 4,00%, o maior patamar em mais de uma década.

A apreciação da moeda americana, por outro lado, gera efeitos deletérios, como a diminuição de receitas  obtidas em outras moedas e o encarecimento do preço do barril do petróleo nos mercados internacionais da commodity.

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Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
jorge.fofano@moneytimes.com.br
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.