Fed deve manter juros em meio à incerteza sobre tarifas; o que esperar da reunião do Fomc?

O Federal Reserve deve manter a taxa básica de juros dos Estados Unidos inalterada em sua próxima reunião do Fomc, que acontece nesta quarta-feira (6). Analistas acreditam que a decisão pode refletir o cenário de incertezas lançada pelas tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, sobre as perspectivas econômicas.
Análises do Goldman Sachs e do Bank of America preveem que o comitê manterá os juros na faixa atual de 4,25% a 4,50%, onde estão desde dezembro.
A implementação das tarifas por Trump tem gerado apreensão nos mercados globais. As taxas derrubaram a confiança de consumidores e empresas, pressionaram a indústria e provocaram uma corrida às importações. Devido a isso, o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos desacelerou no último trimestre.
De acordo com autoridades do Fed, as tarifas aumentarão a inflação e o desemprego, embora o grau e a duração desses efeitos ainda sejam incertos. Na última reunião do Fomc, Jerome Powell, presidente da autoridade monetária, expressou querer ter certeza das consequências destas taxas antes de reduzir os juros.
O BofA explicou que manter a política monetária inalterada permite ao Fed avaliar o impacto total de todas as mudanças de política da Administração Trump.
No entanto, os dados econômicos disponíveis até o momento não indicam que a economia esteja “desmoronando”. Apesar da contração anualizada de 0,3% no PIB dos EUA, os gastos dos consumidores continuaram a crescer a um ritmo decente de 1,8%.
Além disso, o relatório de empregos de abril mostrou que os empregadores dos EUA criaram mais vagas do que o previsto, e a taxa de desemprego permaneceu em 4,2%.
Tanto membros do Federal Reserve, quanto investidores, lembram que dados de pesquisas já enviaram “falsos positivos” sobre risco de recessão no passado e, portanto, preferem ver evidências em dados “rígidos” do mercado de trabalho e outros indicadores antes de realizar cortes de juros.
Essa postura de paciência do Fed não deve ser bem vista pela Casa Branca. O presidente Trump continua a pressionar por custos de empréstimos mais baixos.
Fed pode cortar os juros ainda esse ano, dizem analistas
De acordo com a Reuters, a maioria dos economistas espera que o Federal Reserve afrouxe a política monetária em 2025. Em contrapartida, muitos não acreditam que haja evidências suficientes de fraqueza no mercado de trabalho que justifiquem uma resposta até meados do ano.
Algumas apostas do mercado financeiro viraram para um início dos cortes em julho, com dois movimentos adicionais ao longo do ano. No entanto, analistas ainda divergem sobre o momento exato.
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Economistas do Barclays acreditam que o Fed não reduzirá os juros antes de julho, enquanto a equipe da Oxford Economics espera o primeiro corte apenas em dezembro. Na visão da LHMeyer, não haverá cortes este ano. Enquanto o Goldman Sachs adiou sua previsão de primeiro corte de junho para julho.
Um fator crucial que pode acelerar a ação do Fed é o ritmo de mudança na taxa de desemprego. O diretor da autoridade monetária, Christopher Waller, indicou que um aumento superior a 0,1 ponto percentual na taxa de desemprego seria um gatilho para o Fed agir mais cedo e com maior intensidade.
De acordo com ele, qualquer impacto das tarifas sobre a inflação provavelmente seria apenas temporário. Waller apresentou um mapa de decisões com duas opções: cortes graduais mais tarde no ano se as tarifas forem reduzidas, e cortes mais agressivos se permanecerem altas.