Powell reafirma compromisso do Fed com meta de 2%

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou nesta quarta-feira (15) que a autoridade monetária segue plenamente comprometida com a meta de inflação de 2%.
“Seguimos plenamente comprometidos com a meta de 2% hoje”, disse Powell durante a Thomas Laubach Research Conference, que acontece em Washington entre hoje e amanhã.
A fala de Powell ocorre em meio à divulgação de dados de inflação que mostram uma desaceleração nos preços, abaixo das expectativas do mercado. Na semana passada, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos Estados Unidos (EUA) subiu 0,2% em abril, acumulando alta de 2,3% em 12 meses — abaixo da projeção de 0,3% no mês e 2,4% na base anual.
Já nesta quinta-feira (15), o índice de preços ao produtor (PPI) registrou queda de 0,5% em abril, frente à expectativa de alta de 0,2%. Na comparação anual, houve alta de 2,4%, ligeiramente abaixo da projeção de 2,5%. Os dados do núcleo do PPI chamaram a atenção: variação de -0,1% em abril (ante +0,2% no mês anterior), e desaceleração de 3,5% para 2,9% no acumulado de 12 meses.
Ambos os indicadores fortalecem as expectativas de revisões baixistas para o Índice de Preços para Despesas com Consumo Pessoal (PCE), o indicador de inflação preferido do Fed.
Além disso, o ambiente político também contribui para a melhora do sentimento do mercado. O avanço nas negociações comerciais entre Estados Unidos e China tem reduzido o temor de uma escalada nas tensões comerciais, afastando o risco de recessão na economia norte-americana.
Diante disso, aumentam as apostas de que o Fed possa iniciar um ciclo de afrouxamento monetário em breve. A ferramenta CME FedWatch mostra que 35,9% do mercado projeta um corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros já a partir de julho.
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Mudanças na comunicação da política monetária
Em seu discurso, Powell também tratou da revisão da estratégia de política monetária adotada nos últimos cinco anos, com foco especial nos efeitos da pandemia, na inflação persistentemente alta, nas mudanças estruturais da economia e na necessidade de aprimorar a comunicação sobre incertezas e projeções econômicas.
Segundo ele, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) está reavaliando elementos centrais da estratégia adotada em 2020 — como o foco em “insuficiências” (shortfalls) de emprego e o conceito de média da meta de inflação — à luz da nova realidade econômica.
“Podemos estar entrando em um período de choques de oferta mais frequentes e potencialmente mais persistentes – um desafio difícil para a economia e para os bancos centrais”, disse Powell. “O ambiente econômico mudou significativamente desde 2020, e nossa revisão refletirá nossa avaliação dessas mudanças”, completou.
Powell reforçou que, embora o arcabouço de política monetária precise evoluir, a âncora nas expectativas de inflação em 2% segue sendo essencial para garantir estabilidade e permitir respostas eficazes em tempos de crise.