Fed manterá taxa de juros inalterada, apesar de pressão de Trump por cortes

A expectativa para esta quarta-feira é de que o Federal Reserve mantenha a taxa de juros inalterada, seis dias depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, exigiu novamente que o banco central corte os custos dos empréstimos durante uma rara visita presidencial à sua sede em Washington.
A redução acentuada da taxa de juros desejada por Trump – ele sugeriu que ela fosse reduzida da atual faixa de 4,25% a 4,50% para até 1% – está muito fora de sintonia com uma economia que, em grande parte, tem se mantido em uma trajetória estável nas seis semanas desde a última reunião do Fed.
Na opinião de muitos economistas, esses cortes drásticos provavelmente aumentariam a inflação e estão mais alinhados com o que um banco central faria para tirar a economia de uma recessão.
As exigências de Trump, que coincidem com uma campanha incessante de ataques ao chair do Fed, Jerome Powell, têm causado pouca influência nas autoridades.
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Até mesmo os defensores de cortes de juros pelo Fed são a favor de uma redução mais tradicional de 0,25 ponto percentual na reunião desta semana, e não da redução defendida pela Casa Branca.
Mas mesmo o corte modesto parece ser uma opinião minoritária, limitada publicamente até o momento a dois indicados por Trump para a diretoria do Fed, Christopher Waller e Michelle Bowman.
Há especulações de que Waller e Bowman poderiam emitir opiniões divergentes se o Fed mantiver a taxa de juros estável nesta quarta-feira pela quinta vez desde dezembro.
O que será observado será qualquer indício na decisão ou na coletiva de imprensa de Powell após a reunião sobre a possibilidade de um corte em setembro, um movimento consistente com a atual precificação de mercado e com a perspectiva mediana que as autoridades tinham em junho, quando previram duas reduções até o fim do ano.
O Fed divulgará sua decisão às 15h (horário de Brasília), com a coletiva de imprensa de Powell meia hora depois.
Com a inflação ainda acima da meta de 2% do Fed e a taxa de desemprego permanecendo baixa, não está claro até que ponto a decisão ou Powell fornecerão orientações sobre a reunião de 16 e 17 de setembro, com dois meses de dados sobre inflação e emprego ainda a serem divulgados até lá.
As autoridades têm adotado uma abordagem de “esperar para ver” em relação aos cortes de juros desde dezembro, quando a vitória eleitoral de Trump e sua iminente posse levantaram a possibilidade de que o que vinha sendo um declínio constante na inflação poderia se reverter, pelo menos temporariamente.
As tarifas que foram impostas até o momento são, em aspectos importantes, menores do que as ameaçadas inicialmente pelo governo, mas ainda são significativas – e, no último relatório de preços ao consumidor, começaram a elevar os preços dos produtos.