Fed não ‘se renderá a Trump’ e novo presidente pode ficar isolado, diz Kanczuk, do ASA
O Federal Reserve (Fed) não deve se render à pressão de Donald Trump por corte de juros nos Estados Unidos (EUA), e o novo presidente da autarquia — a ser indicado pelo presidente do país — pode acabar isolado nessa disputa. Essa é a avaliação do diretor de macroeconomia do ASA, Fabio Kanczuk.
Em coletiva com a imprensa, o ex-diretor de Política Econômica do Banco Central do Brasil e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda disse acreditar que o próximo presidente do Fed deve a apoiar a ideia de juros mais baixos nos EUA.
Trump vem pressionando o banco central norte-americano a reduzir o patamar das taxas e já afirmou, inclusive, que o apoio a um corte imediato será um requisito para qualquer nome que ele escolha para liderar a autoridade monetária.
Além disso, recentemente, o presidente também deixou claro que espera que o futuro chefe o consulte sobre as decisões de juros.
No entanto, Kanczuk avalia que, independentemente de quem seja o escolhido, o novo presidente não deve levar muitos votos consigo. Segundo ele, ao contrário do que ocorre no Brasil, a divergência de opiniões dentro do banco central norte-americano é comum. “Lá, pode divergir livremente”, disse.
No Federal Reserve, as decisões sobre a taxa básica de juros não são tomadas de forma individual pelo presidente da instituição. A definição dos juros cabe ao Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), formado por 12 membros.
Assim, mesmo que o presidente do Fed adote uma postura mais favorável a uma política monetária expansionista, a tendência é que “perca no voto”.
“O cenário que vemos para o ano que vem é um Fed sem cortar juros e um presidente divergindo dos demais por um tempo”, afirmou.
Vale lembrar a mediana das projeções mais recentes dos dirigentes do banco central dos EUA indica uma taxa de juros de 3,4% em 2026, o que equivale a apenas um corte de 0,25 ponto percentual no ano.
Os nomes para a presidência do Fed
O presidente Donald Trump afirmou que Kevin Hassett e Kevin Warsh são seus dois principais nomes para comandar o Federal Reserve.
Trump sinalizou que Warsh ganhou espaço e passou a dividir o favoritismo com Hassett, até então considerado o candidato mais provável ao cargo.
O mandato do atual presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, termina no mês de maio.