Economia

Fed pode repetir erro dos anos 70 e reacender inflação, alerta Janus Henderson

08 ago 2025, 8:00 - atualizado em 07 ago 2025, 15:32
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Ashwin Alankar, da Janus Henderson: política monetária prematura e tarifas podem reacender inflação nos EUA e abalar a credibilidade do Fed. (REUTERS/Kevin Lamarque)

A combinação entre tarifas comerciais e a futura mudança na liderança do Federal Reserve pode colocar a economia dos Estados Unidos em rota de colisão com uma nova onda inflacionária. O alerta é de Ashwin Alankar, chefe global de Asset Allocation da Janus Henderson Investors, que vê um risco crescente de erro de política monetária semelhante ao cometido pelo Fed nos anos 1970.

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Alankar faz referência ao ciclo inflacionário daquela década, quando o Fed, sob o comando de Arthur Burns, reduziu os juros antes de controlar totalmente os preços — o que levou a uma inflação ainda mais persistente e a aumentos agressivos nas taxas anos depois.

“Desde que a taxa de juros dos Fed Funds atingiu 5,50% em resposta à inflação mais alta, temos manifestado preocupação com o risco de um erro de política monetária, caso o banco central dos EUA ceda e afrouxe prematuramente sua política antes que a ameaça inflacionária esteja completamente sob controle”, afirmou Alankar, em relatório.

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Hoje, apesar da desaceleração no índice cheio de preços ao consumidor, que está em 2,7%, a inflação considerada “pegajosa” — categorias de preços mais lentos para se ajustar — segue em 3,3%, segundo dados do Federal Reserve de Atlanta.

“Nesse contexto, o argumento de que a taxa dos Fed Funds — atualmente em 4,5% — tem ampla margem para cair se torna mais frágil. Os juros já estão muito próximos do nível da inflação que realmente importa, e mirar na inflação cheia — mais volátil e ruidosa — pode fazer os preços ao consumidor voltarem a subir”, diz.

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A preocupação se agrava com a possibilidade de Donald Trump substituir o presidente do Fed, Jerome Powell, por um nome mais favorável ao afrouxamento monetário — embora o Fed seja controlado por um comitê, e a troca de presidente não implique necessariamente em uma mudança de postura.

“Um Fed mais dovish em 2026 poderia liberar um impulso de crédito via redução de juros, o que incentivaria a demanda justamente em um momento em que as cadeias globais de suprimento e os preços ainda estariam em desordem”, afirma o gestor.

Alankar argumenta que o atual ambiente reúne os dois elementos necessários para uma nova espiral inflacionária: choques de oferta (via tarifas) e estímulo à demanda (via corte de juros).

Outro fator de risco citado é o tamanho do balanço patrimonial do Fed, que está em US$ 6,7 trilhões. Segundo ele, a quantidade de dólares em circulação significa que bastaria uma perturbação relativamente pequena na oferta para que todo esse dinheiro começasse a disputar uma quantidade limitada de bens.

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Além de consolidar as expectativas de inflação em níveis indesejados, uma segunda onda causada por erro de política monetária também destruiria a credibilidade do banco central norte-americano.

“A única alternativa seria o Fed elevar novamente os juros — como foi forçado a fazer no fim dos anos 1970 e início dos anos 1980 — até níveis que muito provavelmente causariam uma forte recessão”, completa.

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Coordenadora de redação
Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como coordenadora de redação no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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