Internacional

Federal Reserve vs. Wall Street: “simpatia zero”

07 maio 2021, 12:22 - atualizado em 07 maio 2021, 12:33
Wall Street, Bolsa de Nova York
Os dados decepcionantes do mercado de trabalho mostram que o número de pessoas empregadas ainda está mais de 8 milhões abaixo do nível pré-pandemia (Imagem: REUTERS/Carlo Allegri)

O presidente do Federal Reserve de Minneapolis, Neel Kashkari, disse que tem “simpatia zero” pelos críticos em Wall Street que atacam o forte suporte do banco central à economia dos EUA, enquanto milhões de americanos continuam sem trabalho.

“Entre meus amigos em Wall Street, e tenho muitos, ouço reclamarem o tempo todo sobre as políticas do Fed, de que estão atrapalhando suas estratégias de negociação”, disse o ex-executivo do Goldman Sachs e da Pacific Investment Management, em entrevista à Bloomberg Television. “Tenho simpatia zero, porque ainda existem de 8 a 10 milhões de americanos que querem trabalhar, que deveriam estar trabalhando.”

Kashkari, conhecido por sua postura favorável ao afrouxamento da política monetária, falou depois da divulgação do relatório do mercado de trabalho dos EUA, que mostrou desaceleração na criação de empregos em abril em relação ao mês anterior, com a abertura de apenas 266 mil vagas. Economistas em pesquisa da Bloomberg projetavam a criação de 1 milhão de empregos em abril. A taxa de desemprego subiu para 6,1%, embora o nível de participação da força de trabalho também tenha aumentado.

Neel Kashkari
“Entre meus amigos em Wall Street, e tenho muitos, ouço reclamarem o tempo todo sobre as políticas do Fed”, disse Kashkari (Imagem: REUTERS/Brendan McDermid)

‘Tempo de sobra’

“Precisamos reconstruir esse mercado de trabalho e fazer com que volte a funcionar. Ainda há tempo de sobra para normalizar a política monetária”, afirmou.

Em reunião na semana passada, autoridades do Fed mantiveram a taxa de juros perto de zero e reafirmaram a continuidade das compras mensais de US$ 80 bilhões em Treasuries e de US$ 40 bilhões em títulos lastreados em hipotecas até que a economia mostre “progresso substancial” rumo às metas de emprego e inflação.

Jerome Powell
O presidente do Fed, Jerome Powell, vê lentidão na retomada da economia (Imagem: Walsh/Pool via REUTERS/File Photo)

O presidente do Fed, Jerome Powell, disse em conferência de imprensa que isso levará “algum tempo”.

Em março, projeções do Comitê Federal de Mercado Aberto mostraram que a maioria dos membros do Fed não esperava aumentar a taxa de juros de referência do banco central, atualmente perto de zero, antes de 2024.

Os dados decepcionantes do mercado de trabalho mostram que o número de pessoas empregadas ainda está mais de 8 milhões abaixo do nível pré-pandemia e é consistente com comentários recentes de executivos, que destacam os desafios para preencher vagas.

“Estamos basicamente em um mercado de trabalho como o de 2009”, disse Kashkari. “Vai levar tempo. Não quero que demore 10 anos. Espero que possamos resolver isso em um ou dois anos. Mas simplesmente não quero declarar vitória prematuramente.”

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