Coluna
Colunistas

Felipe Miranda: Morreu, mas passa bem

12 abr 2021, 14:44 - atualizado em 12 abr 2021, 14:44
“Tenho argumentado que, apesar de um reajuste circunstancial de portfólios e de natural volatilidade causada pela desalavancagem, as ações conseguiriam atravessar a tormenta” diz o colunista.

Aos 40 anos de idade, o touro mais velho do mundo acaba de morrer, mas passa bem. Iniciado em 1981, o longevo bull market do mercado de bonds foi interrompido neste ano.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

É um fenômeno marcante, de várias gerações. Eu mesmo nunca presenciei um cenário diferente. Depois de só termos visto uma longa sequência de taxas de juros caindo de maneira sistemática, encontraremos o contrário agora. Estamos preparados?

Tenho argumentado que, apesar de um reajuste circunstancial de portfólios e de natural volatilidade causada pela desalavancagem, as ações conseguiriam atravessar a tormenta. Com efeito, os yields dos Treasuries de dez anos praticamente dobraram no primeiro trimestre, saindo de 0,9% para 1,7%, enquanto as Bolsas norte-americanas continuaram renovando recordes. 

O que acontece agora? 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O primeiro ponto a se considerar é que, em última instância, a subida das taxas de juros de mercado tem acontecido por um bom motivo: a expectativa de retomada das economias e forte crescimento em 2021 e 2022, sem que as condições financeiras sejam excessivamente apertadas. Uma economia forte significa lucros se expandindo. E, como sabemos, no final do dia, as ações acompanham mesmo os lucros; nada muito surpreendente.

O segundo elemento se refere à provável alta mais gradual e morosa a partir de agora. Mesmo os economistas mais alarmistas sobre o processo de alta dos yields não esperam uma escalada além dos níveis de 2–2,25% do yield dos Treasuries de dez anos no horizonte tangível. 

Anatole Kaletsky, da Gavekal, escreve que um provável nível alvo para essa referência seria o 1,75%, talvez 2% ou mesmo 2,25%. O espaço para subidas adicionais, portanto, seria mais limitado. Segundo ele, se o rendimento dos Treasuries de dez anos não superar os 3%, como de fato se projeta, não haverá maiores problemas para as ações.

Curiosamente, com o yield dos Treasuries ainda devendo caminhar para cima, é o investidor da renda fixa (dos bonds) que pode estar mais em risco do que aquele da renda variável.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Em 2021, seremos lembrados de que os juros também podem subir e que a inflação não é algo superado em definitivo. Ela é e sempre foi um fenômeno monetário e pode acordar diante de tanta impressão de dinheiro e da retomada da economia.

Há uma preocupação legítima para os cidadãos brasileiros, mas que talvez não seja tão pertinente aos investidores de ações: nosso país vai dar certo? 

Tenho poucas respostas, mas me obrigo a fazer as perguntas certas. Essa aí é uma pergunta errada — até porque não sabemos a resposta. 

Se o Brasil der certo, bom… então ele terá dado certo. Bolsa em alta.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Se o Brasil não der certo, como será feito o ajuste? Basicamente, via inflação. E as pessoas vão comprar ativos reais. 

Essa é a recomendação de Ray Dalio ao dizer: “buy stuff”. Compre coisas. Imóveis, ações (que são empresas), bitcoin, porque tudo isso anda nominalmente. 

Aos 40 anos de idade, o idoso bull market dos bonds terminou. Ao menos para as ações, porém, o urso é manso. Morreu, mas passa bem.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Compartilhar

WhatsAppTwitterLinkedinFacebookTelegram
CIO e estrategista-chefe da Empiricus
CIO e estrategista-chefe da Empiricus, é ex-professor da FGV e autor da newsletter Day One, atualmente recebida por cerca de 1 milhão de leitores.
felipe.miranda@moneytimes.com.br
CIO e estrategista-chefe da Empiricus, é ex-professor da FGV e autor da newsletter Day One, atualmente recebida por cerca de 1 milhão de leitores.
As melhores ideias de investimento

Receba gratuitamente as recomendações da equipe de análise do BTG Pactual – toda semana, com curadoria do Money Picks

OBS: Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar