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Renda Fixa

Renda fixa: Reinado solitário chegou ao fim

09 out 2025, 11:56 - atualizado em 09 out 2025, 11:56
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O crescimento dos instrumentos lastreados em direitos creditórios também reflete a busca dos investidores (Imagem: iStock/Rmcarvalho)

Durante décadas, a renda fixa foi a estrela das carteiras dos brasileiros. Em 2016, quase metade dos investimentos estava alocada nessa classe, consolidando o país como um dos mais conservadores do mundo quando o assunto era alocação de capital.

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Mas esse cenário está mudando — e rápido. Projeções indicam que, até 2030, os fundos de renda fixa representarão menos de 25% do mercado, enquanto os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) devem multiplicar sua presença por quatro.

Esse movimento revela algo maior: estamos diante de uma mudança estrutural no mercado de capitais brasileiro.

A transição da renda fixa tradicional para instrumentos de crédito mais sofisticados, como os FIDCs, não é apenas uma questão de preferência dos investidores, mas o reflexo de um ambiente em que o retorno oferecido pela renda fixa deixou de ser tão atraente frente ao risco ajustado de outras classes de ativos.

A força dos FIDCs

Entre 2016 e 2023, os FIDCs saíram de uma fatia quase marginal (2,5%) para algo próximo ao dobro — e a tendência é de expansão exponencial.

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Apenas nos últimos 12 meses, captaram R$ 120 bilhões líquidos, superando largamente os fundos de renda fixa, que registraram R$ 9,47 bilhões no mesmo período, segundo dados do Boletim Anbima de Renda Fixa.

Enquanto outras modalidades viram saídas expressivas de recursos, os FIDCs caminharam na contramão, atraindo investidores institucionais e, cada vez mais, pessoas físicas.

Todo esse cenário deixa claro que o investidor brasileiro busca mais rentabilidade e está disposto a explorar novos caminhos para encontrá-la.

Popularização e mudança de perfil

O número de investidores que aplicam em FIDCs saltou de pouco mais de 12 mil em 2016 para mais de 200 mil neste ano.

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Essa popularização mostra que o investidor brasileiro, tradicionalmente conservador, começa a entender que é possível diversificar com instrumentos mais sofisticados sem, necessariamente, assumir riscos desproporcionais.

Claro, ainda há desafios. Os FIDCs sempre foram associados a investidores qualificados e à complexidade de estruturas jurídicas e operacionais. Mas a democratização do acesso, somada à busca por alternativas rentáveis, está rompendo essas barreiras.

Se a previsão de que o mercado chegue a 10 mil fundos até o final da década se concretizar, teremos diante de nós uma transformação que redefine a dinâmica do crédito no Brasil.

Uma nova era no crédito corporativo

Quanto maior a oferta de FIDCs, mais empresas encontram nesse instrumento uma alternativa eficiente para antecipação de recebíveis e redução da dependência do crédito bancário tradicional.

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Em outras palavras, a ascensão dos FIDCs não é apenas um capítulo da história do mercado de capitais — é uma mudança de paradigma.

A renda fixa não deixará de existir, mas seu reinado solitário chegou ao fim. O investidor brasileiro está, finalmente, abrindo espaço para a sofisticação.

O desafio, agora, será preparar os investidores para lidar com a complexidade maior que os FIDCs exigem: compreender a estrutura dos fundos, a política de investimento e acompanhar a performance de gestores especializados.

A popularização desse instrumento dependerá não apenas de apetite ao risco, mas também de educação financeira e transparência regulatória.

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Fundador e Diretor Presidente da Ouro Preto Investimentos
Graduado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, cursou mestrado em Direito Internacional na USP e é especialista em produtos financeiros e gestão de riscos pela FIA/FEA/USP. Nos anos de 2006 a 2019 esteve entre os primeiros colocados na categoria de estruturação de fundos de recebíveis no Brasil FIDC’s pelo ranking da empresa UQBAR, tendo sido responsável pela estruturação de mais de 300 (trezentos) fundos. Faz parte dos Comitês da Anbima de FII e FIDC.
joao.neto@moneytimes.com.br
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Graduado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, cursou mestrado em Direito Internacional na USP e é especialista em produtos financeiros e gestão de riscos pela FIA/FEA/USP. Nos anos de 2006 a 2019 esteve entre os primeiros colocados na categoria de estruturação de fundos de recebíveis no Brasil FIDC’s pelo ranking da empresa UQBAR, tendo sido responsável pela estruturação de mais de 300 (trezentos) fundos. Faz parte dos Comitês da Anbima de FII e FIDC.
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