Economia

Fim do aperto monetário está próximo – e para o Inter, poderia ser agora

25 abr 2025, 16:36 - atualizado em 25 abr 2025, 16:36
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(Imagem: Shutterstock)

Após a divulgação do IPCA-15 de abril, a prévia da inflação brasileira, o banco Inter manteve a sua projeção de alta de meio ponto percentual na taxa Selic na próxima reunião do Copom, marcada para os dias 6 e 7 de maio. Para a economista-chefe da instituição, Rafaela Vitória, o comitê deve encerrar aí o ciclo de aperto monetário.

“Com o atual patamar de juros extremamente elevado e o cenário de desaceleração global, acompanhada das primeiras revisões baixistas das expectativas de inflação, o Copom poderia inclusive encerrar o ciclo sem nova alta”, destaca a profissional.

No entanto, Vitória acredita que a equipe do Banco Central deve seguir a sugestão de seu último guidance e efetuar um último ajuste na taxa – “de menor magnitude”, como antecipado pelo Comitê na mais recente decisão.

Para o banco, o possível fim do ciclo se dá em um momento em que o custo da política monetária está mais elevado, com o nível de desconfiança ainda alto, seguindo as diversas críticas do governo ao Banco Central e sugestões de interferência.

“A defasagem da política monetária deve atuar mais fortemente no segundo semestre e novas altas para além do nível atual se tornam contraproducentes, com o custo da dívida em elevação, ampliando o risco fiscal”, destacam.

A Selic, no entanto, deve ser mantida no patamar de 14,75% até, pelo menos, a reunião de dezembro, quando estimam que o início dos cortes deve começar.

Para a inflação, o Inter também manteve a projeção em 5,4% em 2025 e avalia que o pico da inflação acumulada em 12 meses deve ser em agosto, com 5,9%.

“O processo de desinflação pode ser mais célere caso o governo tenha maior disciplina na execução fiscal ao longo dos próximos meses, reduzindo os estímulos à demanda, aplicando as medidas aprovadas de contenção do crescimento de gastos, e anunciando contingenciamento e bloqueio de despesas para o cumprimento do centro da meta de resultado primário para o ano”.

A economista alerta, porém, para a possibilidade de novos estímulos que podem manter a inflação em alta, pressionar o câmbio e resultar em um prolongamento do aperto monetário.

Além dessas projeções, o Inter também manteve a expectativa de crescimento em 1,5% do PIB para 2025.

Incerteza com tarifas pode adiar cortes de juros nos EUA

O anúncio de novas tarifas no início de abril aumentou a incerteza na economia global, com forte impacto nas expectativas dos consumidores e na política monetária dos Estados Unidos, segundo análise do Inter.

A instabilidade gerada pelas medidas comerciais, especialmente diante do recuo temporário de 90 dias anunciado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, e a escalada nas tensões com a China, trouxeram “sensação de paralisia” aos agentes econômicos.

O cenário atual torna difícil para o Federal Reserve decidir sobre os próximos passos da taxa de juros. De um lado, as tarifas podem frear o crescimento e justificar cortes nos juros. De outro, também podem pressionar a inflação, o que impediria qualquer flexibilização no curto prazo. Essa ambiguidade, somada às críticas públicas de Trump ao presidente do Fed, contribui para um ambiente de cautela e limita a atuação da autoridade monetária.

Para o banco, o Fed só deve retomar os cortes de juros quando houver sinais claros de desaceleração da economia sem efeitos inflacionários relevantes, que na visão deles só deve ocorrer a partir de junho. Com isso, a expectativa é que os cortes comecem em setembro, com até três reduções até o fim do ano, levando os juros para a faixa de 3,00% a 3,25%.

Enquanto isso, os dados econômicos ainda mostram força, mas refletem um período anterior às tarifas. O mercado de trabalho segue aquecido e a inflação de março recuou. Esses indicadores, segundo a economista, mostram o que poderia ser um cenário mais favorável à queda dos juros, caso não houvesse a atual incerteza tarifária.

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Jornalista formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, atua há 3 anos na redação e produção de conteúdos digitais no mercado financeiro. Anteriormente, trabalhou com produção audiovisual, o que a faz querer juntar suas experiências por onde for.
juliana.caveiro@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, atua há 3 anos na redação e produção de conteúdos digitais no mercado financeiro. Anteriormente, trabalhou com produção audiovisual, o que a faz querer juntar suas experiências por onde for.

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