Fluxo cambial positivo impulsiona o Ibovespa

O DXY mede a força do dólar frente a uma cesta de moedas fortes: EUR, JPY, GBP, CAD, SEK e CHF. Não inclui moedas emergentes como o real (BRL), mas funciona como um termômetro global do apetite por dólar. Assim, entende-se que um dólar fraco (índice DXY em queda) tende a favorecer o fluxo cambial para mercados emergentes, como o Brasil.
Existe uma correlação positiva, porém imperfeita, entre o DXY e o par Dólar x Real (USDBRL). Quando o DXY sobe, em média, o dólar tende a se valorizar também frente ao real, fazendo com que o real perca valor. O contrário também é verdadeiro, mas com desvios ocasionais.
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O USDBRL impacta diretamente a performance da bolsa brasileira. Quanto mais fraco o dólar frente ao real, maior tende a ser o fôlego da nossa bolsa — por diversos motivos:
- O ingresso de capital estrangeiro para comprar ações brasileiras tende a valorizar o real e pressionar o dólar para baixo;
- Um dólar mais barato reduz o custo de importação, o que favorece a produtividade e o poder de compra;
- Essa queda pode aliviar a inflação e abrir espaço para cortes de juros, estimulando o consumo;
- Mais consumo, com inflação controlada, tende a impulsionar o lucro de empresas ligadas ao varejo;
- Uma população com renda e confiança no cenário tende a buscar mais risco, o que favorece o mercado acionário.
Em resumo, um real valorizado ou estável é geralmente positivo para a bolsa — com exceção de exportadoras, que tendem a se beneficiar de um câmbio mais desvalorizado.
O atual enfraquecimento do dólar reduziu os riscos cambiais e tornou o ambiente mais propício para emergentes. O Brasil, em particular, reflete um retorno sobre patrimônio elevado, múltiplos atrativos, política econômica favorável e relativa proteção frente a disputas comerciais globais.
O ciclo de corte de juros esperado tende a beneficiar bancos e setores sensíveis à taxa básica. Com os juros locais no pico, também é possível observar uma migração gradual de renda fixa para ações.
Por fim, o índice Dólar (DXY) recuou significativamente no primeiro semestre. Mesmo com o início do ciclo de cortes de juros nos EUA, essa queda pode perder ritmo. Apesar do suporte cambial, minha atenção está voltada para os fundamentos das empresas, e não apenas para as tendências de câmbio. O cenário-base segue sendo de dólar mais fraco, amparado por inflação moderada e tensões comerciais em andamento.