FMI pede que a Ásia reduza barreiras comerciais para enfrentar tarifas dos EUA
O Fundo Monetário Internacional (FMI) pediu nesta sexta-feira (24) que os países da Ásia reduzam as barreiras não tarifárias e promovam uma maior integração comercial regional para diminuir sua vulnerabilidade às tarifas dos Estados Unidos e a choques financeiros globais.
O comércio tem sido central para o crescimento econômico da Ásia, com a China atuando como hub da cadeia de suprimentos para a produção global de bens, o que torna a região vulnerável aos impactos das tensões comerciais entre EUA e China e às tarifas impostas pelo presidente Donald Trump, afirmou o FMI em seu Relatório de Perspectivas Econômicas Regionais para a Ásia.
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As fricções comerciais com os EUA e o boom de investimentos em inteligência artificial levaram a um aumento do comércio intra-regional na Ásia, segundo o relatório.
Promover uma maior integração comercial regional, inclusive por meio da eliminação de barreiras comerciais, pode ajudar os países asiáticos a diversificar mercados de exportação, reduzir custos e compensar parte dos impactos negativos das tarifas norte-americanas, afirmou o FMI.
“Se a Ásia se integrar mais dentro da própria região, isso por si só fornecerá uma proteção contra choques externos”, disse Krishna Srinivasan, diretor do Departamento da Ásia e do Pacífico do FMI, em entrevista à Reuters.
A Ásia já é altamente integrada no comércio de bens intermediários, com cerca de 60% das exportações totais realizadas dentro da própria região, disse Srinivasan. Em contraste, apenas 30% das exportações de bens finais dos países asiáticos têm como destino outros países da região, um sinal da forte dependência dos mercados dos EUA e da Europa, acrescentou.
O relatório afirma que a Ásia pode se beneficiar ao buscar acordos comerciais mais amplos e multilaterais, semelhantes aos da União Europeia, já que o foco atual em acordos bilaterais cria regras sobrepostas e padrões inconsistentes.
A redução das barreiras não tarifárias, que aumentaram durante a pandemia de Covid-19 e ainda são generalizadas na Ásia, pode gerar benefícios significativos, disse o FMI.
Na prática, alguns países já estão reduzindo voluntariamente essas barreiras como parte de negociações comerciais com os EUA, o que é uma tendência “muito positiva”, observou Srinivasan.
Com maior integração comercial regional, a Ásia poderia ver o PIB aumentar até 1,4% no médio prazo, e as economias da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) crescerem até 4%, segundo Srinivasan.
“Há um lado positivo nisso: alguns países que já precisavam se liberalizar estão agora liberalizando”, disse ele.
O FMI prevê que a economia asiática cresça 4,5% em 2025, desacelerando em relação aos 4,6% do ano anterior, mas 0,6 ponto percentual acima da estimativa feita em abril, impulsionada pelas exportações fortes, em parte devido ao adiantamento de embarques antes das novas tarifas dos EUA.
O crescimento, porém, deve desacelerar para 4,1% em 2026, devido aos efeitos das tensões comerciais, da fraca demanda na China e do baixo consumo privado em economias emergentes.
“Embora a incerteza na política comercial tenha diminuído um pouco desde abril, ela permanece elevada e pode pesar sobre os investimentos e a confiança mais do que o esperado”, afirmou o FMI no relatório.