FMI pede que a China acelere reformas estruturais e eleva previsões de crescimento
O Fundo Monetário Internacional instou a China a acelerar as reformas estruturais, à medida que aumenta a pressão global sobre a segunda maior economia do mundo para que adote um modelo de crescimento baseado no consumo e contenha o investimento e as exportações impulsionados por endividamento.
O gigante manufatureiro registrou um superávit comercial de US$ 1 trilhão pela primeira vez e deve responder por até 40% do crescimento global em 2025. Isso gerou críticas de que a economia chinesa, em desaceleração, depende de dominar uma fatia maior do comércio global e inundar mercados emergentes com produtos baratos desviados dos Estados Unidos após as tarifas impostas pelo presidente Donald Trump.
“A grande dimensão econômica da China e as tensões comerciais globais intensificadas tornam a dependência das exportações menos viável para sustentar um crescimento robusto”, afirmou o FMI em um comunicado de imprensa nesta quarta-feira (10), que marcou a conclusão da revisão regular do organismo sobre a economia chinesa.
“A principal prioridade de política para a China é fazer a transição para um modelo de crescimento liderado pelo consumo, afastando-se de uma dependência excessiva das exportações e do investimento”.
“Essa transição requer políticas macroeconômicas expansionistas mais urgentes e vigorosas, reformas para reduzir a elevada poupança das famílias e a redução de investimentos ineficientes e de apoios indevidos à política industrial”, acrescentou o Fundo.
O governo chinês observa atentamente a revisão do Artigo IV do FMI em busca de aprovação ou críticas à sua gestão econômica, já que o endosso do organismo serve como contraponto valioso em meio ao aumento das tensões com importantes parceiros comerciais.
“A economia da China demonstrou resiliência notável apesar de múltiplos choques nos últimos anos”, disse o FMI. A instituição não mencionou diretamente Trump nem a guerra tarifária entre China e Estados Unidos.
O FMI elevou sua previsão de crescimento para a China em 2025 para 5,0%, ante 4,8%, mas alertou que a fraqueza no setor imobiliário, o endividamento dos governos locais e a demanda doméstica deprimida continuarão a desafiar os formuladores de políticas. Agora, espera-se que a economia chinesa cresça 4,5% em 2026, ante 4,2%.
“O apoio da política macroeconômica também deve ser acompanhado por reformas reforçadas para fortalecer o sistema de proteção social e apoiar o ajuste do setor imobiliário”, afirmou o FMI.