Fomc, Copom e arcabouço fiscal: Sobreviva à semana mais importante de 2023
Por Thiago Salomão*
Para ser um bom jogador de futebol, não basta apenas ser o mais habilidoso com a bola nos pés. Saber trabalhar em equipe, despertando o melhor de seus colegas, saber se adaptar ao estilo de jogo do adversário, ter serenidade de mudar seu próprio estilo por conta de uma adversidade no meio da partida… há inúmeras formas de ser um bom jogador mesmo não tendo “skills” dignos de um Ronaldinho Gaúcho.
Raphael Veiga, mesmo no seu auge técnico, nunca chegou ao mesmo nível técnico de um R10, um Neymar, um Zico etc. Mas já viu quantos gols ele fez em finais de campeonato? E quantos desarmes por jogo ele faz, auxiliando os outros meio campistas e armando contra ataques desde o campo defensivo? E a serenidade de sempre ser decisivo e manter a calma em jogos decisivos?
Apesar de não ter o mesmo dom que outros camisas 10, a inteligência emocional e leitura de jogo do Veiga mais do que compensam isso – basta ver quantos títulos ele já conquistou como titular no Palmeiras.
Leitura de jogo, para entender o que está acontecendo, e humildade para adaptar-se ao cenário exposto ao invés de simplesmente “fazer o que sabe”. Driblar como o Neymar pode te fazer ser o destaque da rodada por vários e vários jogos, mas não é necessariamente essa a forma de ganhar o campeonato.
O que fazer, quando o jogo vira?
Não importa o quão habilidoso você seja, o mercado uma hora vai te puxar para uma situação onde não basta apenas fazer o que você faz melhor, é preciso botar a bola no chão, entender a partida e adaptar sua estratégia – mesmo que a nova estratégia seja exatamente o contrário do que você mais sabe fazer.
Estamos vivendo isso agora. Há muito tempo que domingos mais parecem um dia útil, tamanha a quantidade de coisas rolando. Enquanto escrevia esta CompoundLetter no final do domingo (19), o UBS anunciou a compra do Credit Suisse por cerca de US$ 3 bilhões (quase um terço do que ele valia no fechamento de sexta) e os mercados acordavam tranquilos na Ásia. Já na manhã de segunda, ao reler o texto antes de enviar, tudo havia virado para o vermelho, enquanto o ouro era destaque de alta.
O legal de momentos como esse é perceber a sobreposição de problemas que o mercado costuma fazer. Até o final de 2022, nada era mais preocupante para os investidores brasileiros do que o discurso raivoso do Lula e suas consequências fiscais ao País. Hoje, estamos às vésperas de conhecer o pacote fiscal do Haddad e a impressão é que isso será sobrepujado pelos acontecimentos no exterior, tendo em vista os efeitos na política monetária mundial que isso pode (e deve) trazer.
O que dizer do Silicon Valley Bank, ou “SVB” (a pronúncia correta seria “és-vi-bi”, mas aqui abrazileiramos para “ésse-vê-bê”), que 10 dias atrás quase ninguém sabia da existência e hoje temos que nos tornar especialistas em “hold to maturity x available for sale” e outras métricas?
O “bom jogador” no mercado financeiro é aquele que tem…
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*Thiago Salomão é cofundador do Market Makers.