Internacional

Forças de Mianmar disparam contra manifestantes após dia mais letal desde golpe

15 mar 2021, 10:12 - atualizado em 15 mar 2021, 10:12
Manifestantes protestam contra golpe em Mianmanr
Os manifestantes foram às ruas para desafiar as autoridades, cujo uso crescente da violência resultou na morte de dezenas no domingo (Imagem: REUTERS/Stringer)

Forças de segurança de Mianmar abriram fogo contra manifestantes pró-democracia nesta segunda-feira e mataram seis pessoas, disseram a mídia e testemunhas, um dia depois de dezenas de manifestantes serem mortos a tiros e agressores incendiarem várias fábricas financiadas pela China na cidade de Yangon.

Apoiadores da líder democrática presa Aung San Suu Kyi marcharam novamente, inclusive em Mandalay, a segunda maior cidade do país, e nas cidades centrais de Myingyan e Aunglan, onde a polícia também abriu fogo, relataram a mídia e testemunhas.

“Uma garota foi baleada na cabeça e um garoto foi baleado no rosto”, disse um manifestante de 18 anos de Myingyan à Reuters por telefone. “Agora estou me escondendo.”

O veículo de mídia Myanmar Now noticiou que três pessoas foram mortas em Myingyan e duas em Aunglan, e um jornalista de Mandalay disse que uma pessoa foi morta a tiros ali após um grande protesto pacífico.

Os manifestantes foram às ruas para desafiar as autoridades, cujo uso crescente da violência resultou na morte de dezenas no domingo, o dia mais sangrento desde o golpe de 1º de fevereiro.

Os incêndios criminosos do mesmo dia provocaram os comentários mais duros da China até o momento sobre o tumulto que assola o vizinho do sudeste asiático, onde muitas pessoas veem Pequim como uma apoiadora do golpe.

O jornal chinês Global Times disse que 32 fábricas com investimentos da China foram “vandalizadas em ataques brutais” que causaram danos de 37 milhões de dólares e ferimentos em dois funcionários chineses, e a embaixada chinesa exortou os generais de Mianmar a deterem a violência.

“Gostaríamos que as autoridades de Mianmar adotassem medidas adicionais relevantes e eficazes para garantir a segurança das vidas e dos bens de empresas e equipes chinesas”, disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Zhao Lijian, em Pequim.

O Japão, que há tempos compete com a China para ter influência em Mianmar, disse que está monitorando a situação e analisando como reagir em termos de cooperação econômica.

O pior episódio de violência do domingo ocorreram em Hlaingthaya, subúrbio de Yangon em que forças de segurança mataram ao menos 37 manifestantes depois de incêndios criminosos a fábricas de propriedade chinesa, disse um médico da área que não quis se identificar.

Dezesseis pessoas foram mortas em outros lugares, disse a Associação de Assistência a Prisioneiros Políticos (AAPP), além de um policial.