Economia

Meirelles sai em defesa de Lula após Fraga, Bacha e Malan alertarem para risco fiscal

18 nov 2022, 10:17 - atualizado em 18 nov 2022, 10:26
Lula Eleições 2022 discurso
Durante a COP27, Lula criticou a reação do mercado sobre suas falas de responsabilidade social. (Imagem: Flickr/ Lula Oficial/Ricardo Stuckert)

O ex-ministro Henrique Meirelles – um dos nomes cotados para ministro da Economia – saiu em defesa de Lula, após em uma carta aberta publicada na Folha de S. Paulo, os economistas Armínio Fraga, Edmar Bacha e Pedro Malan criticam as declarações recentes de Lula sobre responsabilidade fiscal e suas críticas ao mercado financeiro.

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O grupo começa o texto dizendo compartilhar das mesmas preocupações sociais que o presidente. “Não dá para conviver com tanta pobreza, desigualdade e fome aqui no Brasil.”

No entanto, eles destacam que a alta do dólar e a queda da bolsa não são produto da ação de um grupo de especuladores mal-intencionados, batendo de frente com a fala de Lula durante a COP27 – a 27ª conferência do clima da Organização das Nações Unidas.

Eles também destacam a importância da bolsa de valores como fonte para capital de investimento e lembrar que dólar alto por muito tempo é sinônimo de inflação. No final, o grupo afirma que a área social perde recursos porque não são prioridades do governo.

Defesa de Meirelles

Em publicações no seu Twitter, Meirelles afirma que responsabilidade social pode e deve andar de mãos dadas com a responsabilidade fiscal, e que, sem esse compromisso, cresce a percepção de risco do país.

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Mas aproveitou para dar um puxão de orelha em Lula: “Esse compromisso com a responsabilidade fiscal não é um interesse “do mercado” em oposição aos interesses do povo.”

Em seguida, diz que o interesse do povo precisa vir acompanhado de limites para a criação de novos gastos e de corte de despesas.

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Meirelles finaliza dizendo que abrir uma excepcionalidade já no primeiro ano da nova administração não fere essa lógica. “Ela é necessária porque o Orçamento aprovado para 2023 não contempla os gastos que foram criados. E seria impensável o corte do Auxílio de R$ 600 no momento de crise que atravessamos.”

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Veja a carta na íntegra

Caro presidente eleito Lula,

Assistimos a sua fala nesta quinta (17) cedo na COP27, no Egito. Acredite que compartilhamos de suas preocupações sociais e civilizatórias, a sua razão de viver. Não dá para conviver com tanta pobreza, desigualdade e fome aqui no Brasil.

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O desafio é tomar providências que não criem problemas maiores do que os que queremos resolver.

A alta do dólar e a queda da Bolsa não são produto da ação de um grupo de especuladores mal-intencionados. A responsabilidade fiscal não é um obstáculo ao nobre anseio de responsabilidade social, para já ou o quanto antes.

O teto de gastos não tira dinheiro da educação, da saúde, da cultura, para pagar juros a banqueiros gananciosos. Não é uma conspiração para desmontar a área social.

Vejamos por quê.

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Uma economia depende de crédito para funcionar. O maior tomador de crédito na maioria dos países é o governo. No Brasil o governo paga taxas de juros altíssimas. Por quê? Porque não é percebido como um bom devedor. Seja pela via de um eventual calote direto, seja através da inflação, como ocorreu recentemente.

O mesmo receio que afeta as taxas de juros afeta também o dólar. Imagino que seja motivo de grande frustração ver isso tudo. Será que o seu histórico de disciplina fiscal basta? A verdade é que os discursos e nomeações recentes e a PEC (proposta de emenda à Constituição) ora em discussão sugerem que não basta. Desculpe-nos a franqueza. Como o senhor sabe, apoiamos a sua eleição e torcemos por um Brasil melhor e mais justo.

É preciso que se entenda que os juros, o dólar e a Bolsa são o produto das ações de todos na economia, dentro e fora do Brasil, sobretudo do próprio governo. Muita gente séria e trabalhadora, presidente.

É preciso que não nos esqueçamos que dólar alto significa certo arrocho salarial, causado pela inflação que vem a reboque. Sabemos disso há décadas. Os sindicatos sabem.

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E também não custa lembrar que a Bolsa é hoje uma fonte relevante de capital para investimento real, canal esse que anda entupido.

São todos sintomas da perda de confiança na moeda nacional, cuja manifestação mais extrema é a escalada da inflação. Quando o governo perde o seu crédito, a economia se arrebenta. Quando isso acontece, quem perde mais? Os pobres!

O setor financeiro recebe juros, sim, mas presta serviços e repassa boa parte dos juros para o resto da economia, que lá deposita seus recursos.

O teto, hoje a caminho de passar de furado a buraco aberto, foi uma tentativa de forçar uma organização de prioridades. Por que isso? Porque não dá para fazer tudo ao mesmo tempo sem pressionar os preços e os juros. O mundo aí fora está repleto de exemplos disso.

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Então por que falta dinheiro para áreas de crucial impacto social? Porque, implícita ou explicitamente, não se dá prioridade a elas. Essa é a realidade, que precisa ser encarada com transparência e coragem.

O crédito público no Brasil está evaporando. Hora de tomar providências, sob pena de o povo outra vez tomar na cabeça.

Respeitosamente,
Arminio Fraga, Edmar Bacha e Pedro Malan

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Coordenadora de redação
Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como coordenadora de redação no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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