Pecuária de corte

Frigoríficos têm margens até negativas no Brasil; melhor para os exportadores

05 out 2020, 12:43 - atualizado em 05 out 2020, 12:45
Marfrig-Carnes
Custo maior do boi e pouco espaço no varejo deixam rentabilidade prejudicada na maior das plantas frigoríficas (Imagem: Facebook/Marfrig)

Não espere que os frigoríficos saiam da confidencialidade e comentem com exatidão as margens baixas (no melhor dos casos) e até negativas (para muitos) da carne bovina comercializada no mercado interno abaixo do razoável. Mas estão presentes nas operações e sob risco de piorarem.

O varejo não está aceitando o preço, o consumidor não está pagando e a questão que se coloca é o fôlego das indústrias desembolsando entre R$ 250 e R$ 260 pela @ do boi em São Paulo, por exemplo, e o espaço de manobra das que têm vendas externas e daquelas que dependem mais do Brasil.

Uma coisa é o preço ofertado, outra é o valor efetivamente concluído, daí que, portanto, nenhum analista acredita de fato que a rentabilidade esteja na planilha dos frigoríficos, ante o corte de traseiro entre R$ 19 e R$ 20, em São Paulo, e do dianteiro que vai de R$ 13,50 a R$ 17, conforme a fonte.

“Na última semana até se desenhou uma nova valorização da carcaça casada no início da quinta-feira, mas não consolidou”, diz Yago Travagini, da Agrifatto.

Rodrigo Albuquerque, analista do Notícias do Front, ainda não vê o túnel todo apagado para os abatedouros, apesar de “corda esticada”. O ponto é saber que tipo de indústria está enquadrada na seguinte equação: “A margem de operação de abate está menor do que nos anos anteriores, mas ainda bem melhor de onde esteve em 2015 e 2016, anos de margens de comercialização muito ruins”.

Travagini, da Agrifatto, também menciona a mesma coisa.

Embora sem a China presente nesses anos, apenas Hong Kong, aquelas que conseguiram atravessar o período certamente são as que estavam no mercado externo, tanto que nos anos subsequentes a consolidação do setor foi grande. Os grandes frigoríficos foram comprando os médios e pequenos.

E são eles que dominam a ponta externa amplamente, com maior possibilidade de amortecer o tombo interno com a receita externa, ainda que esta também venha menor os últimos meses.

Na StoneX, Caio Toledo Godoy não deixa muita margem à dúvida: “A situação dos frigoríficos que fazem apenas mercado doméstico segue muito complicada e a rentabilidade daqueles que não participam do mercado externo é melhor”.

A causa disso tudo é amplamente reconhecida, assentada em boiada mais curta pela retenção de fêmeas e reposição muito elevada – do bezerro ao boi magro, passando pelo garrote -, sob mais pressão de um inverno muito seco e confinamento mais curto.

Mas nesse jogo estrutural entra também as características desse mercado pesando a favor ou contra. O custo da compra de boi varia de região, pela qualidade dos animais e de acordo com cada nível de parceria comercial, os analistas das consultorias não conseguem arriscar uma média – ou não furam o acordo de sigilo com seus clientes.

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Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
giovanni.lorenzon@moneytimes.com.br
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