Fundo Florestas Tropicais para Sempre recebe primeiro investimento privado de milionário australiano
O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês) receberá o primeiro aporte privado de recursos, US$10 milhões a serem investidos pela fundação filantrópica Minderoo, do milionário australiano Andrew Forrest.
Em nota à imprensa, Forrest reforçou que não é uma doação, é um investimento para ajudar a catalisar apoio de outras entidades filantrópicas e outros investidores.
“O TFFF atrairá governos e instituições de todo o mundo que buscam capital para ser devolvido, alcançando rendimentos baixos, mas garantidos, da dívida soberana, com o grande benefício de proteger as florestas tropicais do mundo”, disse Forrest na nota.
Ainda nesta sexta, o aguardado anúncio de recursos por parte da Alemanha não se concretizou. O chanceler alemão, Friedrich Merz, afirmou em discurso na plenária de líderes em Belém que seu país fará uma “contribuição significativa” ao fundo, e repetiu o mesmo em reunião bilateral com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas sem revelar números.
Uma fonte ouvida pela Reuters disse que o número que estaria sendo discutido pelo governo alemão seria em torno de US$1 bilhão inicialmente, mesmo aporte anunciado já por Brasil e Indonésia. Mas a decisão sobre o valor não está finalizada.
Fontes do governo brasileiro também contam que o governo alemão se comprometeu a doar recursos para a criação da estrutura administrativa do fundo dentro do Banco Mundial, em um valor também não revelado. Segundo uma das fontes, serão necessários cerca de US$30 milhões. Na quinta-feira, os Países Baixos ofereceram US$5 milhões para a estrutura, além da promessa de mais recursos para investimento à frente.
Apesar de ainda não ter números, a promessa alemã de investir um “valor considerável” no fundo já deixou o governo brasileiro confiante.
De acordo com uma fonte que acompanha a formatação do fundo, a Alemanha é conhecida por ser extremamente rigorosa na análise de riscos para investimentos. Um aporte alemão, somado ao aporte da Noruega, de US$3 bilhões anunciado na quinta, será um selo de confiança no TFFF.
Desde a quinta-feira, quando Lula se reuniu com alguns dos potenciais doadores, o TFFF chegou a cerca de US$5,6 bilhões. Além da Noruega, Indonésia e Brasil confirmaram US$1 bilhão cada em investimentos, e a França, 500 milhões de euros.
O resultado foi considerado um sucesso pelo governo brasileiro. De acordo com a mesma fonte, representantes de investidores privados já começaram a fazer contato com o governo interessados em colocar recursos no fundo.
A proposta do TFFF, desenhada pelo Brasil com apoio de outros países, prevê que o fundo em pleno funcionamento deve captar US$125 bilhões — US$25 bilhões de fundo soberano para alavancar outros US$100 bilhões de investidores privados.
Segundo João Paulo de Resende, subsecretário de Assuntos Econômicos e Fiscais do Ministério da Fazenda, provavelmente o TFFF chegará a esse valor em três anos, mas é possível começar a fazer pagamentos a países pela manutenção da floresta com uma captação de US$50 bilhões — US$10 bilhões de fundos soberanos e outros US$40 bilhões de investidores privados.
A proposta do fundo de investimentos é usar metade dos rendimentos para pagar os investidores e a outra metade, para financiar a manutenção das florestas.