Investimentos

Fundos BRIC enfrentam crise existencial com partida da Rússia

27 mar 2022, 9:03 - atualizado em 25 mar 2022, 17:05
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Os fundos BRIC recuaram 14,6% este ano e o total de ativos nesses fundos desabou mais de 90% em relação ao pico para apenas US$ 3 bilhões (Imagem: REUTERS/Brendan)

Na virada do século, quando criou a sigla BRIC, o então economista-chefe do Goldman Sachs Group, Jim O’Neill, não tinha a intenção de dar uma ideia para turbinar a propaganda dos fundos de investimento.

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Mas as gestoras de recursos se apressaram para montar fundos com essa temática. Gestoras como Schroders, Franklin Templeton e a própria Goldman Sachs Asset Management abocanharam bilhões de dólares de clientes que buscavam ganhos com a combinação de investimentos no Brasil, Rússia, Índia e China. Essa jogada de marketing fracassou e agora enfrenta uma crise existencial.

A invasão da Ucrânia impede investimentos na Rússia. A MSCI removeu o país de seus índices de referência, inclusive do BRIC Index. A China, responsável por boa parte do índice, enfrenta desaceleração econômica e repressão sem precedentes ao setor de tecnologia, resultando em enormes perdas nas bolsas.

Os fundos BRIC recuaram 14,6% este ano e o total de ativos nesses fundos desabou mais de 90% em relação ao pico para apenas US$ 3 bilhões, segundo dados compilados pela Bloomberg.

O colapso foi uma lição implacável sobre os perigos dos fundos temáticos. A junção de quatro países emergentes tão diferentes, complexos e arriscados foi um jogo de palavras sagaz, mas não um investimento inteligente. As economias desses países cresceram rapidamente, como previsto por O’Neill, mas suas ações não tiveram necessariamente o mesmo destino. O MSCI BRIC tem desempenho inferior ao do S&P 500 desde o início do século e inferior ao retorno total dos índices individuais dos quatro países.

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“Não confunda os conceitos do BRIC”, disse O’Neill em entrevista. “Meu propósito ao criar a sigla não teve nada a ver com investimento”.

A promessa do BRIC

O artigo de O’Neill intitulado “Building Better Global Economic BRICs” foi publicado em 30 de novembro de 2001, argumentando que a economia mundial seria impulsionada pelo crescimento dos mercados emergentes nas décadas seguintes. No artigo, o economista defendeu que os fóruns de elaboração de políticas governamentais, como o Grupo dos Sete, fossem reorganizados para incorporar representantes dos BRIC.

As gestoras de recursos se agilizaram. Dois dos maiores fundos sobreviventes — Schroder International Selection Fund BRIC e Templeton BRIC Fund — foram iniciados em 2005. O Goldman Sachs lançou seu próprio fundo no ano seguinte. O fundo Schroder atraiu mais de US$ 4 bilhões, enquanto o fundo Templeton acumulou US$ 3,3 bilhões até 2010.

No entanto, esses fundos derraparam na segunda década do século e agora se deparam com uma calamidade. O fundo Schroder, que administrava US$ 710 milhões no final de fevereiro, recuou 16% este ano, segundo dados compilados pela Bloomberg. O fundo de US$ 450 milhões da Templeton caiu mais de 14% após zerar o valor contábil dos papéis de empresas russas negociados no mercado americano, de acordo com uma pessoa com conhecimento do assunto.

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O fundo BRIC do Goldman Sachs perdia dinheiro e foi fechado em 2015, mas incorporado a um fundo mais amplo voltado para mercados emergentes. Diversas gestoras tomaram decisões semelhantes. A Bloomberg hoje monitora apenas 74 fundos BRIC sobreviventes.

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