Fundos multimercados em alta: entenda os desafios e oportunidades para 2025, na visão dos gestores

O mês de abril marcou um ponto de virada para os multimercados. Com alta superior a 3%, o índice que aponta o desempenho médio desses fundos no Brasil registrou o melhor retorno mensal da sua história, segundo a XP Investimentos.
Em painel durante o TAG Summit 2025, gestores do BTG Pactual Asset, Itaú Asset e Absolute Investimentos explicaram que o movimento foi impulsionado pela recuperação de estratégias macro, reacendendo o interesse dos investidores por essa classe.
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Multimercados são fundos que combinam diferentes ativos, como renda fixa, câmbio, ações, commodities e crédito privado. Embora o desempenho recente chame a atenção, os gestores reforçam que a resiliência é uma característica estrutural — desde que haja uma escolha criteriosa e entendimento dos ciclos econômicos.
Durante o encontro promovido pela TAG Investimentos, os participantes abordaram os desafios e as oportunidades atuais do setor. O consenso foi que, diante de um ambiente mais volátil e com elevada correlação entre ativos, a gestão ativa e a capacidade de adaptação das equipes são essenciais para obter retornos consistentes no longo prazo.
Desafios da indústria: correlação alta e CDI
A dificuldade dos multimercados em bater o CDI nos últimos anos foi um dos temas centrais do debate. Para os gestores, o desafio está no aumento da correlação entre os ativos globais e na necessidade de uma alocação mais precisa e estratégica dentro dos portfólios.
“O aumento da correlação entre os ativos dificulta muito a boa alocação de risco entre os gestores, mesmo para os melhores”, explicou Bruno Serra, gestor de portfólio do Itaú Asset e ex-diretor do Banco Central.
Já para Fabiano Rios, sócio-fundador da Absolute Investimentos, fundos consistentes compartilham características importantes.
“Ter uma equipe diversificada, com profissionais capazes de identificar movimentos macroeconômicos, como a abertura da curva de juros e dados, é essencial. Toda essa multidisciplinaridade contribui para o desempenho”, afirmou Rios.
Além disso, Fabiano ressaltou que, para o investidor, é importante entender se o fundo é, de fato, multimercado. Lucas Cachapuz, do BTG Pactual Asset Management, compartilha da mesma opinião.
“É preciso ter um time robusto, operar múltiplos ativos, explorar diversas geografias e administrar os riscos corretos — tudo isso compõe o bom desempenho ao longo do tempo”, explicou Cachapuz.
Cenário global: realocação de carteiras
A expectativa de realocação de carteiras também foi destaque. Os gestores veem oportunidades dentro e fora dos Estados Unidos, com foco crescente na Europa, Ásia e América Latina.
Ao mesmo tempo, eles mantêm cautela em relação ao real e à Bolsa brasileira, reconhecendo que o país não é, no momento, a principal escolha para alocação.
Com a taxa Selic em níveis elevados e incertezas sobre os rumos da política fiscal, os fundos adotam posturas mais seletivas. A leitura é que o momento favorece a escolha de empresas com potencial de valorização, mas o retorno só será mais robusto com a confirmação de um ciclo de queda de juros.
Lucas Cachapuz ainda destacou que o avanço recente da Bolsa brasileira está fortemente ligado a fatores externos. “Precisamos de queda de juros no Brasil para essa alta continuar”, afirmou.
Apesar do desempenho expressivo em abril e do entusiasmo recente do mercado, a mensagem dos gestores foi clara: consistência, capacidade de adaptação e seleção cuidadosa seguirão sendo os pilares para quem deseja extrair valor dos fundos multimercados no longo prazo.