Fundos no Brasil: Ciclos de juros e IA estão no radar da Bradesco Asset e outras gestoras

A indústria de fundos no Brasil viveu nos últimos cinco anos dois extremos: uma taxa Selic em 2% e, atualmente, juros na casa dos 14% e que se encaminham para o maior nível desde 2006. Em painel durante o TAG Summit 2025, gestores da Bradesco Asset, Oceana Investimentos e Vinland Capital destacaram que muito vem mudando e vai mudar em uma indústria ainda nova, mas em crescimento.
Para Bruno Funchal, CEO do Bradesco Asset, que conta com R$ 930 bilhões sob gestão, a queda acentuada da Selic durante a pandemia abriu espaço para a entrada de um “caminhão de dinheiro”, surgimento de novas gestoras e democratização de classes de ativos.
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Ele observa que a dinâmica de mercado mudou com as gestoras independentes, que, inclusive, passaram a bater de frente com as assets de grandes bancos, com produtos diversos e competitivos. Em simultâneo, com os juros lá embaixo, o perfil dos investidores mudou, com maior apetite para a alocação em fundos.
Na visão de James Oliveira, sócio-fundador e CIO da Vinland Capital, com R$ 12 bilhões sob gestão, equities (ações) tem sofrido com o atual patamar elevado dos juros, no entanto, defende que há oportunidade e ciclos mudam.
“Equities tem sofrido com juro alto. Em algum momento as coisas vão mudar e hoje vemos como uma oportunidade — e até como obrigação da empresa — é investir na parte de equities”, disse Oliveira durante o painel. “Acreditamos que no mercado os ciclos são rápidos e, no Brasil, mais rápido ainda”, completou.
O gestor destaca que a frequência de eleições a cada quatro anos acompanha juros subindo, caindo, aceleração e desaceleração da economia e mudanças na Bolsa e, como gestora, defende a necessidade de produto para atender a todos esses cenários.
Vale destacar que os fundos de investimento nada mais são do que um caminho para aplicar dinheiro, onde investidores colocam seus recursos em um fundo, que pode ser de ações, criptomoedas, imóveis, entre outros, gerido por gestores.
Futuro dos fundos no Brasil
Para o futuro, regulamentação dos fundos e as próprias mudanças de ciclo na macroeconomia devem impactar os fundos no Brasil e estão no radar, mas há um destaque para a tecnologia, em especial, a Inteligência Artificial.
Alexandre Rezende, sócio-fundador da Oceana Investimentos, que vem gerindo entre R$ 7,5 bilhões e R$ 9,5 bilhões desde 2019, destacou que o impacto nos processo e redução de riscos operacionais é muito visível na gestora.
“Eu olho lá no início da Oceana, a maioria dos nossos controles estavam em planilhas. E aí, a gente fez um grande esforço durante alguns anos, lá no início, em 2011, 2012, para eliminar planilhas da parte de controle dos operacionais. Isso permitiu a gente escalar”, exemplifica.
Cada vez mais a tecnologia viabiliza processos mais sofisticados, de ganho de complexidade, sem o crescimento de riscos operacionais crescentes no tempo, defende Rezende.