Fusão Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) em segundo plano: ‘Nosso foco é 100% na reestruturação’, diz executivo

No início deste ano, uma possível combinação de negócios entre a Azul (AZUL4) e a Gol (GOLL4) assumiu os holofotes do universo corporativo. No entanto, a conclusão do Chapter 11 (recuperação judicial nos EUA) da Gol estava entre as pendências cruciais para que o negócio pudesse andar.
Passados alguns meses, o cenário mudou: enquanto a Gol caminha para deixar o processo em junho, a Azul anunciou a entrada na recuperação judicial — inclusive fechando a tríade de aéreas dominantes no setor aéreo brasileiro a recorrer ao recurso. E essa é a grande prioridade da companhia agora.
Em coletiva com jornalistas nesta sexta (30), Fabio Campos, vice-presidente institucional e corporativo da Azul, enfatizou que o foco agora “é 100% na reestruturação”.
- LEIA MAIS: Após máxima histórica, analistas do BTG Pactual defendem que o Ibovespa ainda pode saltar até 8% – quais ações estão preparadas para aproveitar esse cenário?
Campos esclareceu que o Memorando de Entendimentos Não Vinculante (MoU) assinado pelas companhias em janeiro segue válido e em andamento, mas a prioridade agora é outra.
Analistas do mercado já pontuavam a possibilidade de atraso na combinação dos negócios devido ao processo de Chapter 11. A XP Investimentos pontua que o processo dependia parcialmente da conclusão das renegociações da estrutura de capital de ambas, por isso o processo deve atrasar.
Chapter 11 da Azul
Apesar de a fusão entre as gigantes do setor aéreo brasileiro estar em segundo plano, a expectativa é que o cenário não demora tanto para mudar.
Fabio Campos destaca que a questão do prazo é diferenciada em relação aos demais processos, uma vez que a Azul está entrando no processo já com o apoio dos nossos principais stakeholders (partes interessadas).
“Com esse apoio, a gente acredita que a gente realmente vai ter um timeline diferente no caso. A nossa expectativa é concluir toda a parte inicial até o fim do ano e sair desse processo por completo no começo do ano que vem”, disse à jornalistas.
A diferença, segundo o executivo, está no apoio que a companhia estruturou, envolvendo parceiros comerciais, financeiros e arrendadores.
A Azul já firmou os chamados acordos de apoio à reestruturação com seus principais parceiros financeiros, como seu maior arrendador de aeronaves, a AerCap, e as companhias aéreas United e American Airlines.
Os acordos incluem um compromisso de aproximadamente US$ 1,6 bilhão em financiamento ao longo do processo e a eliminação de US$ 2 bilhões de dívida, além de até US$ 950 milhões em financiamento adicional garantido em equity na conclusão do processo.
Primeira audiência já foi
A companhia passou na quinta-feira (29) pela sua “Audiência Inicial”, realizada em Nova York. A Azul recebeu todas as aprovações judiciais para suas petições de “Primeiro Dia” relacionadas ao pedido de Chapter 11.
Entre outras medidas, o Tribunal concedeu aprovação para que a Azul tenha acesso imediato a US$ 250 milhões de seu financiamento DIP de US$ 1,6 bilhão.
“Esse financiamento, combinado com outras aprovações judiciais e receitas geradas pelas operações em andamento, irá fornecer a liquidez suficiente para sustentar as operações ininterruptamente, à medida que a Companhia trabalha para transformar seu futuro financeiro”, diz a empresa.