Galileo Galilei e a complexidade econômica
Paulo Gala é doutor em economia pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-EESP) e economista da Fator Administração de Recursos
Quando Galileo Galilei apontou seu telescópio para a Lua e depois Saturno em 1610 ele revolucionou a ciência. Não só a astronomia, mas toda a forma de pensar científica. As contribuições intelectuais de Copérnico, Giordano Bruno e até mesmo as ideias de Johanes Kepler, contemporâneo de Galileu, podiam ser “vistas” e comprovadas.
Foi um breakthrough empírico arrasador para as ideias da igreja católica e para a astronomia ptolomaica. Com seu telescópio e suas observações empíricas, Galileu chacoalhou o mundo ocidental. Depois do pequeno livro “sidereos núncios” (o mensageiro das estrelas) não se poderia mais olhar para o céu e acreditar nas ideias católicas ou até mesmo em Ptolemeu.
Algo parecido ocorreu recentemente na economia. Ao desvendar o “cosmos” do comércio internacional com técnicas de Big Data, Redes e Complexidade, Cesar Hidalgo e Ricardo Hausmann trouxeram para a economia um breakthrough empírico da magnitude do telescópio de Galileu.
O “observatório da complexidade” (http://atlas.media.mit.edu/en/) demoliu de vez as velhas ideias sobre comércio de Ricardo e seus seguidores. De agora em diante não será mais possível olhar no “telescópio da complexidade” e acreditar nas antigas ideias ricardianas sobre comércio e caminhos para o desenvolvimento econômico.