Economia

Galípolo: “Banco Central não pode se emocionar com dados pontuais”

27 ago 2025, 15:26 - atualizado em 27 ago 2025, 16:00
Gabriel Galípolo banco central
(Imagem: Roque de Sá/Agência Senado)

O presidente do Banco Central brasileiro, Gabriel Galípolo, afirmou nesta quarta-feira (27) que, em sua visão, a instituição não pode “se emocionar com dados pontuais”.

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Em um evento da Fenabrave (Federação Nacional Distribuição Veículos Automotores), ele também voltou a falar que enxerga a Selic permanecendo em patamares restritivos por um “período relevante de tempo”.

“A convergência para a meta de inflação está se dando de maneira lenta. E isso explica a política monetária restritiva”, explicou o presidente do BC. “Quando olhamos a inflação que não bateu a meta, olhamos o retrovisor. Nós precisamos olhar para a inflação nos próximos 18 meses”.

Galípolo explicou que, apesar de o mercado e o Banco Central estarem revendo para baixo as projeções de inflação, elas seguem acima da meta para os próximos dois anos. O Boletim Focus desta semana trouxe projeção de inflação para 2025 em 4,86%, 4,33% para 2026 e 3,97% para 2027. A meta atual de inflação no Brasil é de 3%.

“Fizemos o movimento de interromper o ciclo de aumento das taxas porque enxergamos o patamar atual como restritivo com alguma segurança. Isso ao levar em conta nossos pares e o histórico brasileiro”.

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O presidente do Banco Central também falou sobre como, recentemente, a economia brasileira vem crescendo apesar da política monetária mais apertada.

“O PIB do Brasil, nos últimos quatro anos, vem surpreendendo, o que gerou discussões. O que aconteceu do lado conjuntural foi uma mudança da potência da política fiscal no estímulo à economia”, contextualizou.

Galípolo mencionou que a questão vem gerando debates sobre a eficiência da taxa de juros mais elevada. “Apesar da Selic, a renda está se mostrando resiliente. O desemprego está no nível mais baixo da série histórica, mostrando resiliência. Provavelmente é isso que puxa a demanda”, comentou.

Tarifas de Trump e o Banco Central brasileiro

Sobre os impactos das tarifas de Donald Trump sobre o Brasil, Gabriel Galípolo defendeu que ainda é cedo para traçar impactos.

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“O que temos, até agora, é a incerteza. Mas a incerteza é pior do que as tarifas em si, porque ela leva as pessoas a consumirem menos e aos investidores a investirem menos”, disse o presidente do Banco Central.

Ele ainda acrescentou que está as tarifas dificultam — ainda mais — traçar expectativas para o câmbio.

“A economia norte-americana tem uma centralidade enorme mundialmente do ponto de vista financeiro. Ela é praticamente inescapável. Apesar dos riscos em alta, investidores ainda compram dólares. A única questão é que agora eles fazem hedge e isso dificulta ainda mais entender a dinâmica”, explicou.

O presidente do Banco Central, porém, enxerga que o mercado de câmbio vem se comportando bem com liquidez e com o real se apreciando a um ritmo mais forte do que seus pares ao longo deste ano

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vitor.azevedo@moneytimes.com.br