Consumo

Gasolina pode ficar mais barata se a PEC dos combustíveis for aprovada?

04 fev 2022, 18:01 - atualizado em 04 fev 2022, 18:01
Zerar todos os impostos trairia, no curto prazo, uma redução de R$ 0,66 no preço médio da gasolina (Imagem: Nazanin Tabatabaee/WANA (West Asia News Agency) via REUTERS)

A pauta do alto preço dos combustíveis chegou finalmente ao Congresso Nacional nesta quinta-feira (3) pelas mãos do deputado Christino Aureo (PP-RJ). Sob o aval do governo federal, o parlamentar apresentou a PEC dos combustíveis, projeto que propõe zerar o imposto sobre gasolina, diesel e gás.

Se a proposta for aprovada, o governo federal deixaria de cobrar impostos sobre o produto para barateá-lo. Outro ponto é a PEC abre a possibilidade para Estados e Municípios também reduzirem impostos, como o ICMS. A medida vem em meio a disparada dos combustíveis.

Dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), o combustível subiu cerca de 46% na bomba para o consumidor, em 2021. Nas refinarias, a gasolina disparou 68,6% entre janeiro e dezembro do ano passado.

Mas qual será o impacto real nos preços se a proposta for aprovada? Economistas entrevistados pelo Money Times divergem parcialmente sobre o assunto.

De acordo com Alberto Azjental, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas), zerar todos os impostos poderia trazer, no curto prazo, uma redução de R$ 0,66 no preço médio da gasolina.

Na última semana de janeiro, o preço médio do combustível na bomba foi de R$ 6,658. De acordo com o economista, se governo zerar os impostos federais o combustível ficaria, desta forma, 10% mais barato, pois esse é o percentual cobrado em CIDE, PIS, PASEP e COFINS.

No entanto, Azjental tem ressalvas sobre a proposta, visto que a medida impactaria na arrecadação e acarretaria problemas fiscais, o que poderia resultar em uma nova elevação dos preços no longo prazo.

Ele avalia que que a melhor saída seria se o imposto fosse cortado pela metade, pois com a disparada da gasolina nos últimos anos, o valor bruto do imposto subiu.

“Em 2020 a gasolina custava em média R$ 4,579, segundo a ANP, e 10% de R$ 4,57 é  menor que 10% de R$ 6,658. Antigamente conseguíamos sobrevir com os 10% de 2020, sem problemas fiscais. Então se a gente corta o imposto pela metade, nós não enfrentaríamos grandes problemas fiscais e teríamos uma redução no preço do combustível para o consumidor”, diz.

Proposta afeta muito pouco o preço da gasolina

Para Paulo Feldman, professor de economia da Universidade de São Paulo (FEA-USP), o fato do ministro da Economia, Paulo Guedes, não apoiar e não permitir que a sua equipe se envolva na proposta indica o quão problemática ela pode ser para as contas públicas.

Neste sentindo, Feldman também destaca que, no longo prazo, a gasolina poderia ficar mais cara por conta da alta do dólar, uma provável reação do mercado aos problemas fiscais.

Por outro lado, Feldman avalia que uma redução de 10% não significaria muito para o consumidor. Segundo o economista, para uma boa redução seria necessário incluir o ICMS na lista, o que é muito difícil.

“Os governadores dificilmente abraçariam esse possibilidade, porque o ICMS é o principal fiador dos Estados e o governo federal não tem nenhum poder efetivo para definir isso”, conclui.

Repórter
Formado em jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie em Julho de 2021. Bruno trabalhou no Money Times, como estagiário, entre janeiro de 2019 e abril de 2021. Depois passou a atuar como repórter I. Tem experiência com notícias sobre ações, investimentos, empresas, empreendedorismo, franquias e startups.
Linkedin
Formado em jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie em Julho de 2021. Bruno trabalhou no Money Times, como estagiário, entre janeiro de 2019 e abril de 2021. Depois passou a atuar como repórter I. Tem experiência com notícias sobre ações, investimentos, empresas, empreendedorismo, franquias e startups.
Linkedin
Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.