Gerdau (GGBR4) dribla cautela doméstica e sobe: o que está por trás da alta?

As ações da Gerdau (GGBR4) driblaram a forte aversão ao risco dos investidores nesta quinta-feira (24) e foi uma das poucas empresas que operaram na ponta positiva do Ibovespa (IBOV) desde a abertura do pregão.
GGBR4 subiu 0,35%, a R$ 17,28. As ações da Metalúrgica Gerdau (GOAU4) “pegaram carona” e fecharam estáveis, a R$ 9,63.
Os papéis são impulsionados pela visão otimista da XP. Em relatório divulgado hoje (24), os analistas reiteraram a recomendação de compra e a preferência por Gerdau no setor de Mineração e Siderurgia.
A corretora também atualizou o preço-alvo de R$ 23 no final de 2025 — o que representa um potencial de valorização de 34% sobre o preço de fechamento de ontem (23).
Por que comprar Gerdau?
Para os analistas da XP, o ano de 2025 deve ser “um ponto de inflexão” para o Fluxo de Caixa Livre (FCF, na sigla em inglês) e que isso ainda não foi precificado pelo mercado. Nas contas da corretora, o rendimento do FCF de 2026 e 2027 deve ser de 9% a 12%.
O valuation da Gerdau continua descontado e “atrativo” por meio de várias métricas, na visão da equipe.
De um lado, as operações na América do Norte devem sustentar a estabilidade do Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) da Gerdau por, pelo menos, três motivos:
- um protecionismo de mercado sustentado desde a implementação da Seção 232 e das tarifas introduzidas durante o governo Trump;
- desinvestimentos estratégicos da Gerdau, reduzindo a exposição a produtos de menor valor agregado; e
- resiliência da demanda doméstica de aço.
“Usando uma abordagem de ‘soma das partes’, acreditamos que a exposição aos EUA implica espaço para os múltiplos serem reavaliados, considerando o custo médio ponderado de capital da Gerdau”, escreveram os analistas Lucas Laghi, Guilherme Nippes e Fernanda Urbano.
Por outro lado, a siderúrgica deve se beneficiar de uma potencial redução de custos no Brasil, mesmo diante das pressões comerciais.
“Embora não esperemos melhorias de curto prazo nos preços do aço brasileiro, os atuais baixos preços do vergalhão e os níveis de paridade fornecem pouco incentivo para quedas de preços, em nossa opinião, com a desaceleração do preço do aço se aproximando do fim”, diz o relatório.
Além disso, a companhia tem avançado na execução de investimentos estratégicos, o que, na avaliação da XP, pode reduzir a necessidade de capex nos próximos dois anos.
“A combinação de recuperação do Ebitda no Brasil, níveis de rentabilidade sustentável nos EUA e a redução dos compromissos de investimento a partir de 2026 impulsiona o lado positivo assimétrico que vemos no FCF e no valuation.”
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