Internacional

Gestor veterano prevê caos em crédito em meio à eleição nos EUA

23 out 2020, 17:16 - atualizado em 23 out 2020, 17:16
Joe Biden Eleições
Embora o mercado acionário esteja precificando a turbulência com o Índice de Volatilidade da CBOE perto de 30, os spreads de títulos corporativos se recuperaram quase para níveis pré-pandemia (Imagem: Divulgação/Facebook/Joe Biden)

Nunca, em seus 22 anos de carreira, Boaz Weinstein viu tal desconexão entre a complacência de investidores de crédito e a ansiedade de investidores de ações. E, segundo ele, isso pode resultar em “movimento incrível” em torno das eleições de 3 de novembro nos Estados Unidos.

Embora o mercado acionário esteja precificando a turbulência com o Índice de Volatilidade da CBOE perto de 30, os spreads de títulos corporativos se recuperaram quase para níveis pré-pandemia.

Para Weinstein, fundador da Saba Capital Management e um dos maiores vencedores da onda vendedora da pandemia em março, algo tem que ceder. Ele antecipa um novo caos de crédito e espera aumentar o retorno de 80% até setembro de seu principal hedge fund.

“É como uma calmaria antes da tempestade”, disse em entrevista à Bloomberg. “A volatilidade das ações é quase inevitavelmente alta. É uma boa forma de seguro? Os perfis de recompensa não são nada parecidos com os de janeiro. Considerando que, no crédito, estamos quase de volta ao ponto em que estávamos em janeiro.”

Weinstein não escolhe títulos ou ações com base em fundamentos, como fluxo de caixa ou crescimento dos lucros. Ele está interessado no valor relativo – determinar se os preços de instrumentos semelhantes estão fora de sintonia e, em seguida, se posiciona para lucrar conforme o desequilíbrio é corrigido.

É por isso que ele se agarrou à divergência entre o VIX e os spreads de crédito. Durante anos, eles caminharam alinhados. Depois, em agosto, o VIX começou a subir à medida que os spreads continuavam caindo.

Com tantas “incógnitas conhecidas” – como o resultado da eleição nos EUA, o avanço da Covid-19 e o ritmo de recuperação econômica -, um alto grau de volatilidade implícita nas ações faz sentido, disse Weinstein. A perspectiva otimista para o crédito, não, especialmente com os rendimentos baixos e a inadimplência em alta.

“Acho que o perfil risco-recompensa do crédito atual está basicamente entre os piores, em relação a outras coisas, que vi em minha carreira”, disse Weinstein. “Um VIX em 20 costumava ser uma façanha. Aqui estamos em 30, e o mercado de crédito não piscou.”

Ele disse que os créditos que está vendendo são aqueles que considera mais vulneráveis a uma queda, mas não quis nomeá-los, e também tem posições compradas em emissores que “não importa o que aconteça, estarão em boa forma”, como International Business Machines, AT&T e Walt Disney.

Questionado sobre o momento do “movimento incrível”, Weinstein disse que não será necessariamente no dia da eleição ou 4 de novembro, quando os resultados iniciais podem ser conhecidos. Ele também disse que mais compra de títulos pelo Federal Reserve podem manter a volatilidade sob controle.

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