Mercados

Gestores defendem mudança na meta de inflação

15 fev 2023, 11:55 - atualizado em 15 fev 2023, 12:07
Fundo Verde/Luis Stuhlberger
Para gestor, meta atual “não é uma coisa boa para o Brasil”. (Imagem: Monteiro/Bloomberg)

Alguns dos gestores mais respeitados do país defenderam nesta quarta-feira (15) um aumento na meta de inflação, em linha com o que tem dito o presidente Lula.

Mais importante para o mercado, disseram, deveria ser a credibilidade da nova âncora fiscal. “Define uma nova meta, deixa o pessoal entender como funcionará”, afirmou o sócio-fundador da JGP André Jakurski.

O gestor, que falou durante painel do CEO Conference 2023, evento promovido pelo BTG Pactual, destacou que a âncora seria mais importante do que ficar “perseguindo a PEC 110” [reforma tributária], que, segundo ele, não terá efeito fiscal no longo prazo.

Sem citar recuperações judiciais especificas, Jakurski disse ainda ver um “aperto de crédito razoável depois dos eventos recentes” e diante do patamar atual da Selic, a 13,75%.

Luis Stuhlberger, sócio-fundador da Verde Asset, definiu a meta atual, cujo centro é 3,25% em 2023, como “irrealista”. “Não é uma coisa boa para o Brasil”, afirmou.

O gestor defendeu medidas de longo prazo do governo e criticou projetos com foco no resultado das eleições. “Desoneração da gasolina e diesel geraram R$ 60 bilhões anualizados. Como você volta [aos valores de antes]?

Para Stuhlberger, o Congresso, quando presidente quer, abaixa impostos e aumenta gastos. “O inverso não é verdadeiro”, destacou, lembrando que a aprovação de PECs que geraram, segundo ele, despesas de algo em torno de R$ 200 bilhões.

Xavier: É preciso separar as discussões

Para Rogério Xavier, da SPX Capital, incerteza fiscal e metas de inflação são dois assuntos diferentes. O primeiro, segundo ele, deve ser endereçado ao ministro da Economia, Fernando Haddad, O segundo problema, disse, é do presidente do BC, Roberto Campos Neto.

“Ninguém tem coragem de falar para o ministro que o problema hoje [para os agentes econômicos] é a incerteza sobre a âncora fiscal”, afirmou, reiterando que a discussão sobre meta de inflação está “completamente errada”.

“Dizer que sociedade quis essa meta… Qual sociedade? As pessoas no supermercado convivem com inflação de 10%, 12%”, disse o gestor.

Xavier destacou que o sistema de metas de inflação, que começou há mais de 20 anos, atingiu a inflação de 3% só uma vez, e de 2,95% em 2016. “Se a gente tem reunião a cada ano para reavaliar as metas de inflação, por que é um dogma tão grande corrigir?”

O gestor defendeu que o argumento de que a mudança desancoraria as expectativas não é válido porque as expectativas já estão desancoradas. “O mesmos analistas que criticam mudança da meta agora eram os que antes [no auge da pandemia] queriam a Selic a 0”.

Para Xavier, o BC, que teve, segundo ele, uma boa atuação ao elevar a taxa de juros rapidamente, fez uma “barbeiragem sem tamanho” ao colocar a Selic em patamares de 2%, com “forward guidance de que a gente estaria rumando para a deflação no Brasil”.

Editor
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.
Linkedin
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.
Linkedin
Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.