Economia

Gestoras mantêm cautela sobre corte da Selic ainda em 2025 – como elas estão posicionadas?

10 set 2025, 7:30 - atualizado em 10 set 2025, 10:24
banco central selic pib
Taxa Selic está no patamar de 15% ao ano. (Imagem: Banco Central/Antônio Cruz)

O mercado financeiro segue dividido sobre o momento em que o Banco Central (BC) dará início ao ciclo de cortes da Selic. Parte dos analistas aposta em um movimento já em dezembro deste ano, enquanto outros projetam a primeira redução apenas no primeiro trimestre de 2026.

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Nas Opções de Copom, há quem precifique corte de 0,25 ponto percentual em dezembro, com contratos negociados a R$ 17,61. A maioria, porém, ainda espera manutenção dos juros na última reunião de 2025, com apostas avaliadas em R$ 62,97.

Para o início de 2026, as projeções do mercado se dividem entre corte já em janeiro ou apenas no encontro de março.

Diante desse cenário incerto, os gestores têm adotado uma postura cautelosa no mercado de renda fixa.

Enquanto a Reach Capital e a SulAmérica Investimentos mantêm posições direcionais voltadas à queda de juros, a LifeTime e a Acqua Vero optam por uma abordagem mais conservadora, realizando apenas ajustes táticos em suas carteiras.

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Reach: Posições em inflação implícita e juros

Norberto Alves, portfolio manager na Reach Capital, explica que a estratégia da gestora está apoiada na leitura de que a inflação mostra sinais de desaceleração, abrindo espaço para cortes na Selic.

“Estamos vendo alguns sinais baixistas para a inflação no curto prazo e um movimento relevante de revisão de vários bancos e corretoras para as projeções de inflação, tanto no ano de 2025 quanto de 2026. Níós temos números entre 4,3% e 4,6% para 2026 e com riscos ainda baixistas”, afirma.

Alves espera que o Banco Central comece a cortar juros no início de 2026, possivelmente em janeiro, uma vez que as condições já vão estar apropriadas. Ele, no entanto, não descarta a antecipação do ciclo. “Existe algum risco, caso haja alguma descontinuidade nos dados de inflação, de que esse ciclo de cortes seja adiantado”.

Na carteira, a Reach mantém posições aplicadas na ponta curta da curva de juros nominais, via DI1F28 (janeiro/2028), hoje em 13,27%. Já em inflação implícita, a casa aposta em posições vendidas até a NTN-B 2027 (B27).

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“Temos espaço para aumentar essas posições, a gente não está all-in. Eu diria até que as nossas posições estão entre pequenas e médias, e não mais do que isso”, afirma Alves, sinalizando que prefere avançar de forma gradual, aproveitando momentos de abertura da curva para ampliar a exposição.

SulAmérica: Viés aplicado em juros

Na SulAmérica Investimentos, o cenário base também é de início do ciclo de cortes no primeiro trimestre de 2026, com a Selic caminhando até 11,5%. Guilherme Baran, gestor de renda fixa e multimercados da casa, avalia, inclusive, que o risco maior é de antecipação do ciclo, e não de adiamento.

O diagnóstico se apoia na desaceleração da atividade, já perceptível em indicadores de varejo, serviços, crédito e confiança. Além disso, a inflação tem surpreendido positivamente, com revisões baixistas nas projeções, enquanto a valorização do real ao longo do ano reforça o trabalho do BC no controle de preços.

Na alocação, a gestora mantém viés aplicado em juros, principalmente na parte intermediária da curva.

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Segundo Baran, eles alternam entre DI janeiro/28, prefixados e NTN-Bs de vencimento em 2030, com ajustes frequentes em função da elevada volatilidade do mercado.

LifeTime: Carteira com prazo mais longo

Na LifeTime, o discurso é de cautela em relação ao movimento de queda da Selic, mas a estratégia de investimentos já reflete uma preparação para esse cenário. Fernando Katsonis, CEO da gestora, afirma que, mesmo sem montar posições explícitas para corte de juros, a casa optou por alongar o prazo médio dos títulos da carteira.

“Nós aumentamos o duration de carteira, obviamente já apostando nesse corte. Nosso duration, que estava 2,7 e 2,8 anos,  quase dobrou e agora é superior a quatro anos”, disse Katsonis.

Para ele, a queda da Selic é inevitável diante da desaceleração da atividade econômica. “Na minha visão, o corte de juros vem, não tem como segurar isso. A curva média e o início da longa também vão acompanhar”.

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Ainda assim, o executivo destaca que a inflação segue pressionada e deve continuar acima do teto da meta no próximo ano. “Não acreditamos que a inflação se sustenta nem no teto da meta, ela deve continuar estourada”, afirma.

Acqua Vero: Cautela com o fiscal

Já a Acqua Vero mantém uma postura ainda mais conservadora. Para Marcelo Karvelis, CIO da gestora, o grande desafio para cortes de juros no Brasil está no descompasso entre política monetária e fiscal.

“O juro real de curto prazo é de quase 10% ao ano. É extremamente elevado, e é um freio natural para a economia. Só que, por outro lado, tem uma expansão fiscal acontecendo com uma velocidade também muito rápida”, afirma.

Segundo Karvelis, esse cabo de guerra mantém as expectativas de inflação desancoradas no longo prazo, o que limita a capacidade do Banco Central de reduzir a Selic. “Não vemos, hoje, nenhum corte para este ano. Começamos a ver possibilidade de corte para o primeiro trimestre do ano que vem, mas condicionado a uma expectativa fiscal um pouco melhor.”

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A Acqua Vero, portanto, não tem posições aplicadas em juros futuros. “Não temos aposta nisso, porque não temos clareza.”

A preferência é por títulos indexados à inflação, que, segundo o CIO, oferecem proteção em cenários de piora fiscal e ainda pagam taxas reais historicamente elevadas. “Quando olhamos os mercados, preferimos os títulos indexados de inflação aos títulos prefixados.”

Um consenso: A política pesa

Embora divirjam sobre o momento do primeiro corte da Selic, os gestores concordam que o ambiente político e fiscal será determinante para os próximos passos.

Para a Reach, pesquisas eleitorais já têm impactado diretamente os preços no mercado. A LifeTime também enxerga a eleição como fator central para os rumos da economia.

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A SulAmérica reforça essa percepção e avalia que a condução da política fiscal durante o período eleitoral será decisiva para calibrar a extensão do ciclo de cortes, já que incertezas em relação às contas públicas podem limitar a queda dos juros.

Já a Acqua Vero alerta que apenas uma mudança de postura — ou até mesmo de governo — poderia abrir espaço para cortes mais expressivos.

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Editora-assistente
Editora-assistente no Money Times e graduada em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Atua na área de macroeconomia, finanças e investimentos desde 2021.
giovana.leal@moneytimes.com.br
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Editora-assistente no Money Times e graduada em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Atua na área de macroeconomia, finanças e investimentos desde 2021.
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