Otimismo de gestores de recursos com o Brasil foi ‘tarifado”, afirma Bank of America

O otimismo dos gestores com o mercado brasileiro foi ‘tarifado’, de acordo com a pesquisa mensal do Bank of America (BofA) divulgada na última terça-feira (12).
“Após um mês de alta volatilidade no Brasil, devido às tarifas americanas, o sentimento diminuiu e os investidores estão divididos”, avaliaram os estrategistas do BofA.
Segundo eles, quase metade dos gestores de fundos da América Latina acreditam que o ruído tarifário, tanto para o Brasil quanto para o México, diminuirá nos próximos meses. Já a outra metade ainda não sabe ou acredita que a pressão sobre os países pode aumentar.
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De fato, o ‘tarifaço’ do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afetou o sentimento dos investidores em relação ao mercado brasileiro.
Agora, 45% dos entrevistados pelo banco veem o Ibovespa (IBOV) acima dos 140 mil pontos até o final deste ano, contra 83% do mês anterior.
O percentual de gestores de fundos da América Latina que preveem que o Brasil superará o México nos próximos seis meses também caiu de 77% para 35%.
O posicionamento sobre as eleições presidenciais de 2026, que era uma das “fontes” de otimismo dos gestores no mês anterior, também diminuiu. Apenas 22% dos entrevistados acreditam que os investidores adicionarão posições no quarto trimestre de 2025 ou antes, contra a expectativa anterior de 57%.
Vale mencionar que esse é o primeiro levantamento realizado após Trump impor uma tarifa de 50% sobre a importação de produtos brasileiros no território norte-americano.
A pesquisa do BofA contou com a participação de 31 gestores que detêm juntos aproximadamente US$ 110 bilhões sob gestão.
Selic e dólar
Se antes a expectativa era de que Banco Central brasileiro iniciasse cortes na taxa básica de juros, a Selic, ainda neste ano, agora a visão é de manutenção dos juros — pelo menos para quase 50% dos gestores.
Agora, menos de 30% dos participantes observam algum espaço para reduções na Selic até dezembro. Na pesquisa de julho, 40% dos participantes previam até dois cortes nos juros.
Em geral, os gestores têm um consenso de que não haverá novos aumentos nos juros até dezembro.
Em relação ao dólar, os entrevistados também veem um real mais enfraquecido, considerando a comparação mensal. A projeção de dólar subiu de R$ 5,45, em média, para R$ 5,51 no final de 2025.
Apesar da potencial valorização da divisa norte-americana apontada pelos gestores ouvidos pelo BofA, a estimativa ainda aparece abaixo do R$ 5,60 projetado pelos economistas consultados pelo Banco Central no Relatório Focus da última segunda-feira (11).
Setores com mais alocação na bolsa
A alocação setorial mostra que os investidores ainda estão mais overweight (exposição acima da média) em utilities (Serviços Públicos) e setor financeiro. Já as posições sobre ativos de consumo discricionários foram reduzidas para underweight (exposição abaixo da média), juntamente com o setor de commodities.
“ Os investidores ainda preferem valor e alta qualidade, e poucos preferem estratégias de beta alto”, diz o BofA em relatório elaborado por Carlos Peyrelongue, David Beker, Mateus Conceição e Paula Soto.
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