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Getnet, Inter e Soma lideram baixas do Ibovespa com investidores precificando alta dos juros

22 out 2021, 14:17 - atualizado em 22 out 2021, 14:17
(Imagem: Divulgação/Banco Inter)

Getnet (GETT11), Inter (BIDI11) e Soma (SOMA3) lideram as baixas do Ibovespa nesta sexta-feira (22) — dia de pessimismo geral no mercado local. Por volta das 13h, GETT3 derretia 15%, BIDI11 desabava 10% e SOMA3 caía 7%.

O movimento é em parte reflexo das expectativas sobre a taxa de juros e inflação no país. Investidores passam a colocar uma taxa de desconto maior sobre as projeções de fluxo de caixa das techs, empresas cuja expectativa de crescimento está em um futuro mais distante.

Nos últimos meses, a baixa das empresas mais ligadas ao setor de tecnologia tem sido comum. O próprio Inter acumula queda de 54% nos últimos três meses — mas uma alta de 17% em 2021, apoiada na migração dos papéis para a Nasdaq.

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Crédito mais caro

A Selic mais alta também encarece o crédito para empresas e consumidores, em um momento em que o consumo dos mais pobres é negativamente afetado pela disparada da inflação.

O cenário prejudica de forma dupla as companhias de e-commerce, que são vistas como empresas de growth e de consumo, segundo o economista e sócio da BRA Investimentos João Beck. “O mercado só não está caindo mais porque as ações [do Ibovespa frente aos pares internacionais] estão baratas”, diz.

O principal índice da bolsa brasileira afundava nesta sexta-feira, com o pessimismo com o quadro macroeconômico evoluindo para especulações sobre demissão do ministro da EconomiaPaulo Guedes, e especialistas passando a sugerir que investidores busquem papéis de empresas experientes em superar crise.

Por volta das 12h30, o Ibovespa caía 4,2%, aos 103.227,02 pontos, em novas mínimas desde novembro passado.

Selic acima de 10% em 2022

Com a ameaça do rompimento do teto de gastos, mais três grandes instituições financeiras revisaram para cima suas projeções para o aumento da Selic a ser promovido pelo Banco Central na próxima semana, agora com um acréscimo de pelo menos 125 pontos-base no radar após a forte rodada de piora no balanço de riscos à inflação.

UBS BB foi o mais agressivo até o momento e passou a ver alta dos juros de 150 pontos-base nas duas últimas reuniões do Copom de 2021, ante 100 pontos-base para cada do cenário anterior.

Com mais aperto contratado para o começo de 2022, a taxa básica de juros da economia concluiria o ano que vem em 10,25% nominal, maior patamar desde julho de 2017 e 825 pontos-base acima da mínima histórica de 2% que vigorou entre agosto de 2020 e março de 2021. A Selic está atualmente em 6,25%.

Editor
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.
kaype.abreu@moneytimes.com.br
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.