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GetNet, maquininha do Santander, estreia na B3 amanhã: vale a pena comprar os papéis?

17 out 2021, 11:49 - atualizado em 17 out 2021, 16:43

Getnet

Os papéis da maquininha do Santander (SANB11), a Getnet (GETT3;GETT4;GETT11), estreiam na B3 na próxima segunda-feira (18). É um bom negócio ter as ações da maquininha do bancão espanhol?

A empresa já chega ao mercado com 16% de participação, totalizando 876 mil clientes ativos. O seu volume total de pagamentos (TPV) somou R$ 274 bilhões em 2020. No primeiro semestre desse ano, essa cifra ficou em R$ 183 milhões, alta de 64% ante o mesmo período do ano passado.

Além disso, a GetNet lidera quando o assunto é pré-pagamento, com 41% de participação nesse mercado. No primeiro trimestre foram R$ 54 bilhões levantados. 

Lembrando que os acionistas do Santander vão receber 0,25 ação ordinária, preferencial ou unit da Getnet para cada papel que possuir.

Estratégia para crescer

O Santander justifica que a operação deva destravar valor, tendo em vista o espaço conquistado entre 2013 e 2020, período em que passou de 3% de market share para 16%.

A maquininha está focada em cinco pilares para alavancar o seu crescimento:

  • aumentar sua penetração dentro da base de clientes do Santander;
  • crescer em canais independentes, como e-commerce, por meio de sua própria equipe de vendas, e também por meio de parcerias;
  • melhorar a originação de crédito por meio da sua licença de crédito direto, incluindo antecipação de recebíveis;
  • alavancar sua expansão no e-commerce por meio de sua tecnologia sofisticada;
  • aumentar novas receitas e serviços, tais como software de conciliação auttar, tokens e POS.

Ademais, a companhia continuará tendo acesso às mais de 3 mil agências, 20 mil vendedores e 110 pontos de atendimentos do Santander. Em contrapartida, a Getnet irá remunerar o banco por todo cliente gerado através do canal bancário.

Santander
Ganha-ganha: operação deverá ser boa para as duas partes, apontam analistas (Imagem: Renan Dantas/Money Times)

Vale a pena?

Na visão da Genial Investimentos, a cisão foi um bom negócio tanto para o Santander quanto para a GetNet.

“A operação vem em um contexto de oportunidade para a companhia, dado que atingiu um market-share equivalente ao do banco através da utilização do canal do Santander, parceria que constituiu a principal vantagem competitiva nos últimos anos”, afirmam os analistas Eduardo Nishio, Guilherme Vianna e Bruno Bandiera. 

Eles argumentam ainda que se por um lado as condições da interação inferem em riscos de dissinergias, por outro lado, a Getnet poderá agora vislumbrar outras avenidas de crescimento.

O trio de analistas lembra ainda que a empresa deverá usar uma estratégia já consagrada por fintechs, o chamado “crédito fumaça”, ou seja, concessão de crédito para capital de giro com garantia de recebíveis utilizando o balanço de um banco parceiro para a originação.

“O modelo possibilita que o risco de inadimplência fique com o banco e mitiga a necessidade de captação de recursos para crescer, estrutura asset light. Em contrapartida, a adquirente recebe uma comissão do banco parceiro pela originação”, completam. 

Outra importante via de crescimento deverá ser o e-commerce, cuja penetração no Brasil é de somente 3% ante a 8% dos EUA, 15% do Reino Unido e 16% da China.

A adquirente acredita ter vantagens competitivas para obter ganhos de market share no digital, tais como um menor índice de fraude por três anos consecutivos, uma maior taxa de aprovação, uma plataforma para criação de lojas digitais e um ecossistema de serviços completo.

De acordo com o Safra, a cisão da GetNet permitirá ao Santander desbloquear valor, o que deve representar cerca de 5,5% ou R$ 3 a unidade.

Cielo
Getnet deverá chegar à Bolsa mais caro que Cielo e mais barato que Stone (Imagem: Facebook/Cielo)

Quanto vale?

Segundo cálculos da Genial, a GetNet pode chegar à Bolsa com um preço sobre lucro (P/L) de 44x, tendo em vista o lucro de R$ 361 milhões e um valuation de R$ 16 bilhões para a companhia.

“Considerando o total de units do Santander de 3,75 bilhões e a proporção de 1:4 da cisão, o valor por unit de Getnet seria de R$ 17,30”, completam.

Para efeito de comparação, com um lucro de R$ 490 milhões em 2020 e uma capitalização de mercado de R$ 6,5 bilhões, o múltiplo P/L da Cielo (CIEL3) é de 13,35x. 

Já a Stone (STNE) teve um lucro no mesmo ano de R$ 837 milhões e possui um valor de mercado de R$ 63,9 bilhões tomando como base um câmbio de US$ 5,38, atribuindo-lhe um P/L de 76,32x.

Ou seja, pelos cálculos dos analistas, a GetNet chegará mais cara que a Cielo e mais barata que a Stone. 

Covid-19 Coronavírus
Pandemia derrubou os volumes referentes ao meio da pirâmide, em sua maioria por pequenos e médios varejistas, da Getnet (Imagem: REUTERS/Emily Elconin)

Desafios

A equipe de análise da Genial recorda que na pandemia, a Getnet perdeu volumes referentes ao meio da pirâmide, em sua maioria por pequenos e médios varejistas, a exemplo de postos de gasolina e restaurantes, nichos aos quais a companhia tem exposição elevada.

Por outro lado, a empresa ganhou participação no topo da pirâmide, com uma expansão da base de clientes em grandes varejistas. Dentre seus clientes, a Getnet já conta com empresas como Cobasi, Pague Menos (PGMN3), Shell, Starbucks, dentre outras.

“A mudança do mix de clientes traz dúvidas em relação à manutenção do take rate (taxas cobradas), correspondente ao percentual do TPV transformado em receitas e das margens”, observam.

Segundo eles, a participação dos clientes de pequeno e médio varejo na carteira da adquirente, que antes da pandemia chegava a 60%, alcançou 40% no pior momento da paralisação econômica, atingindo patamares de 45% atualmente.

“Geralmente, clientes do topo da pirâmide possuem um volume transacionado superior e um take rate mais baixo”, completa. 

Apesar disso, segundo a Getnet, o take rate deve se recuperar, ao menos em parte, em função da retomada dos pequenos e médios varejistas, mas não a patamares anteriores. A empresa estima que a carteira deverá ter uma concentração de 50% de pequenas e médias varejistas até o final de 2021.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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