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Gigantes farmacêuticas lançam fundo de US$ 1 bilhão para desenvolver novos antibióticos

09 jul 2020, 12:57 - atualizado em 09 jul 2020, 12:57
O fundo vai investir em pequenas empresas que estão desenvolvendo novos tratamentos antibacterianos (Imagem: Pixabay)

Gigantes farmacêuticas estão lançando um fundo de US$ 1 bilhão destinado ao desenvolvimento de novos antibióticos, área que muitas delas abandonaram nos últimos anos.

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Apoiado por empresas como Pfizer, Merck, Eli Lilly e GlaxoSmithKline, o fundo vai investir em pequenas empresas que estão desenvolvendo novos tratamentos antibacterianos, segundo um comunicado. Um de seus objetivos é levar de dois a quatro novos antibióticos aos pacientes até 2030.

O aumento descontrolado de micróbios resistentes a medicamentos é uma crise de saúde pública com potencial para superar de longe a Covid-19 em mortes e custos econômicos, afirmaram as empresas no comunicado.

A resistência antimicrobiana causa cerca de 700.000 mortes por ano em todo o mundo e pode tirar até 10 milhões de vidas anualmente até 2050 se novos tratamentos não forem disponibilizados, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.

A resistência aos antibióticos é um “tsunami lento que ameaça reverter um século de progresso da medicina”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, que elogiou o envolvimento do setor privado no desenvolvimento de tratamentos que são necessários com urgência.

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‘Não é a resposta’

Empresas farmacêuticas se retiraram do segmento de antibióticos nos últimos anos, embora a ameaça representada pelos micróbios resistentes a medicamentos tenha aumentado. Uma das dificuldades é a baixa receita, em parte porque novos antibióticos são usados com moderação para preservar sua eficácia.

A Achaogen pediu falência em abril de 2019, depois de passar 15 anos tentando desenvolver novos produtos para combater supergermes que não se abalam com a aplicação de múltiplos tratamentos. O segmento sofreu outro revés quando a Melinta Therapeutics pediu falência no final de dezembro, citando o crescimento lento das vendas e os custos elevados.

Mesmo com a ameaça de micróbios resistentes, empresas farmacêuticas se retiraram do segmento de antibióticos nos últimos anos (Imagem: Unsplash/@drew_hays)

Companhias de peso como Novartis e Sanofi se retraíram. O setor preferiu se concentrar em áreas mais lucrativas, como tratamentos para doenças cardíacas e câncer. Especialistas em saúde pública pedem reformas baseadas no mercado e incentivos para atrair investimentos para pesquisa e desenvolvimento de antibióticos.

O fundo “obviamente não é a resposta para a resistência antimicrobiana”, declarou Phil Thomson, responsável por assuntos globais da Glaxo, em entrevista. “Isso deve ser caracterizado como um passo adiante, um passo para uma construção maior.”

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A britânica pretende estimular outras iniciativas que proporcionem incentivos para o investimento em antibióticos, afirmou o executivo, acrescentando que mais países precisam adotar políticas como o plano que o Reino Unido anunciou no ano passado para testar o primeiro modelo de “pagamento por assinatura”.

O fundo deve se tornar operacional no último trimestre de 2020. O esforço também conta com o apoio do Banco Europeu de Investimento e da fundação britânica de pesquisa em saúde Wellcome Trust.

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bloomberg@moneytimes.com.br