Estados

Governo Lula: Como será a relação com os novos e velhos governadores?

31 dez 2022, 11:00 - atualizado em 31 dez 2022, 13:22
Lula e Flavio Dino
Ex-governadores farão parte do futuro governo de Lula, aumentando o diálogo com os estados (Imagem: Facebook/Flávio Dino)

O mandato de Jair Bolsonaro (PL) na presidência foi marcado pelo atrito do chefe do Executivo com os governadores. Se muitos foram eleitos usando a proximidade, mesmo que apenas de discurso, com o então candidato a presidente, ao longo da gestão a relação não foi cordial.

Eleito com o discurso de descentralizar decisões e de dar mais autonomia aos estados e municípios, Bolsonaro passou quase os quatro anos de seu mandato em discussão com os líderes locais. A polêmica começou com o combate à pandemia de covid-19 e o dissenso sobre a compra, produção e distribuição de vacinas. Depois, houve novo embate em relação ao valor aplicado de ICMS nos combustíveis.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai iniciar seu terceiro mandato com o resquício desse confronto. Porém, com uma abertura maior para negociações até mesmo entre os governadores que apoiaram o candidato derrotado nas eleições.

Governadores eleitos

Nas eleições deste ano, foram escolhidos também os 27 governadores dos 26 estados e do Distrito Federal para o próximo mandato de quatro anos. Foram reeleitos Wilson Lima (União do Brasil) do Amazonas; João Azevêdo (PSB), da Paraíba; Renato Casagrande (PSB), no Espírito Santo; Marcos Rocha (União Brasil) em Rondônia; Gladson Cameli (PP) no Acre; Ibaneis Rocha (MDB), no Distrito Federal; Ronaldo Caiado (União Brasil) em Goiás; Mauro Mendes (União Brasil) em Mato Grosso; Romeu Zema (Novo) em Minas Gerais; Helder Barbalho (MDB) no Pará, Ratinho Júnior (PSD) no Paraná; Fátima Bezerra (PT) no Rio Grande do Norte; Eduardo Leite (PSDB) no Rio Grande do Sul; Antonio Denarium (PP) em Roraima e Wanderlei Barbosa (Republicanos) no Tocantins.

Também foram reeleitos, ainda que sem terem começado o mandato em 2019, porém, posteriormente, Paulo Dantas (MDB) em Alagoas; Carlos Brandão (PSB) no Maranhão e Cláudio Castro (PL) no Rio de Janeiro.

Já entre os eleitos, estão Jorginho Mello (PL) em Santa Catarina; Raquel Lyra (PSDB) em Pernambuco; Eduardo Riedel (PSDB) em Mato Grosso do Sul; Tarcísio de Freitas (Republicanos) em São Paulo; Fábio Mitidieri (PSD) em Sergipe; Jerônimo Rodrigues (PT) na Bahia; Clécio Luís (SD) no Amapá; Elmano de Freitas (PT) no Ceará e Rafael Fonteles (PT) no Piauí.

Apoio nas eleições

Com o final das eleições e no início de seu mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sabe que terá como composição governadores aliados em 11 estados, sendo quatro do PT. Na outra ponta, são 14 governos estaduais de oposição, especialmente no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país.

Dois governadores do PSDB, Eduardo Leite e Raquel Lyra, se declaram neutros e podem ser uma boa aliança para o petista, a depender do tema debatido.

E ainda, governadores como Tarcísio de Freitas, Wilson Lima e Romeu Zema, que atuaram na campanha à reeleição de Bolsonaro, já declaram que não fecham portas ao novo chefe do Executivo. No caso de São Paulo, até indicaram uma boa interlocução com a formação da equipe de governo.

Covid-19 e ICMS: As brigas de Bolsonaro com os governadores

Os grandes embates que Bolsonaro teve com os governadores foram relacionados ao combate à pandemia do covid-19 e a incidência do ICMS nos combustíveis. No início do mandato, Bolsonaro divergiu de boa parte dos governadores.

Enquanto o governo federal defendia que não houvesse o chamado lockdown ou restrições impostas à população por causa da propagação do vírus, os estados aumentavam as restrições e vigilância, muitas vezes de forma acentuada.

Já no fim do mandato e próximo das eleições, Bolsonaro defendia que a culpa pelo aumento no preço dos combustíveis era dos estados, que cobravam altas taxas de ICMS.

Por sua vez, os estados se defendiam alegando que a cobrança era a mesma de anos anteriores, sem sofrer alteração, e que a cobrança do imposto era responsável por grande parte da arrecadação das regiões, e uma mudança prejudicaria as contas públicas.

No fim de 2022, em um estudo de viabilidade conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), estados e União acertaram as bases da cobrança do ICMS e ainda a recomposição de verbas por parte do governo federal aos estados pela perda de arrecadação.

Editor
Formado em jornalismo pela Universidade Metodista de São Paulo, é editor de política, macroeconomia e Brasil do Money Times. Com passagens pelas redações de SBT, Record, UOL e CNN Brasil, atuou como produtor, repórter e editor.
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