Meio Ambiente

Governo promete combater desmatamento, mas não anuncia medidas

21 nov 2019, 16:22 - atualizado em 21 nov 2019, 16:22
Amazônia Meio Ambiente Desmatamento
A política do governo para a Amazônia está sob os holofotes desde o início do ano (Imagem: REUTERS/Bruno Kelly)

O governo brasileiro prepara medidas para conter o aumento do desmatamento na Amazônia, que tem gerado uma onda de críticas no exterior, segundo o principal assessor do presidente Jair Bolsonaro para questões de segurança nacional.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“Já está no planejamento daqui para a frente ter uma política mais enérgica de contenção dessas queimadas”, afirmou o general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), em entrevista em Brasília, sem dar mais detalhes.

“Está todo mundo convencido, vamos apertar a política”, acrescentou, numa referência aos produtores rurais que fazem queimadas em terras agrícolas para melhorar a produtividade.

A política do governo para a Amazônia está sob os holofotes desde o início do ano, depois que um forte aumento dos focos de incêndio colocou em dúvida a eficácia do governo Bolsonaro para proteger a floresta amazônica.

Há dois dias, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) divulgou que um dos principais indicadores do desmatamento na Amazônia registrou o maior aumento em mais de uma década. Bolsonaro reiteradamente minimiza os dados.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Cerca de 10 mil quilômetros quadrados da chamada Amazônia legal foram desmatados entre agosto de 2018 e julho de 2019, segundo o INPE, um salto de quase 30% em relação ao período anterior de 12 meses, e o terceiro maior avanço do desmatamento desde que os dados começaram a ser coletados em 1988.

“É claro que os números podem e devem melhorar”, disse Heleno.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Bolsonaro disse que o desmatamento e as queimadas na região são uma questão “cultural” e que pouco pode ser feito sobre isso (Imagem: Carolina Antunes/PR)

Questão cultural

Os comentários de Heleno ecoam declarações do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que na quarta-feira prometeu reduzir o desmatamento, embora sem anunciar metas concretas.

No mesmo dia, Bolsonaro disse que o desmatamento e as queimadas na região são uma questão “cultural” e que pouco pode ser feito sobre isso.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Bolsonaro tem insistido em que a Amazônia pertence ao Brasil e requer desenvolvimento econômico. Em agosto, Bolsonaro demitiu o então diretor do INPE, Ricardo Galvão, devido aos números preliminares do instituto, que mostraram um aumento do corte de madeira na região. O presidente também apoia o uso de áreas de reservas indígenas e ambientais para mineração.

Na entrevista, Heleno disse que é impossível eliminar completamente o desmatamento, argumentando que a Amazônia é tão grande que qualquer incêndio pode facilmente sair do controle.

O general de quatro estrelas, que já comandou as tropas das Nações Unidas no Haiti, apontou para a situação em outros países, como os EUA, onde autoridades não conseguem impedir os incêndios que afligem a Califórnia a cada ano.

“Eu não tenho essa preocupação de que a Amazônia vai pegar fogo”, disse Heleno (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

“Posso criar medidas, posso apertar o parafuso, mas, pelo tamanho da Amazônia, tudo ali é complicado, difícil, caro. As coisas acontecem numa grandiosidade que o ser humano não está preparado”, afirmou Heleno.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O desmatamento tem um custo econômico direto para o Brasil. O Fundo Amazônia, de R$ 1,8 bilhão, criado para levantar fundos para combater o desmatamento, se baseia em dados do INPE para determinar os desembolsos para projetos na região.

A Noruega e a Alemanha, os dois principais patrocinadores do fundo, suspenderam as contribuições devido às políticas ambientais do governo.

“Eu não tenho essa preocupação de que a Amazônia vai pegar fogo”, disse Heleno. “Tenho uma aspiração muito grande em relação à Amazônia e Nordeste. São o futuro do Brasil porque são áreas altamente promissoras. Então é preciso colocar as nossas capacidades em prol dessas duas regiões que são fundamentais para o Brasil crescer.”

Compartilhar

bloomberg@moneytimes.com.br