Greve atinge 100% da Petrobras (PETR4) na Bacia de Campos e refinarias; estatal age para evitar impacto
A greve dos petroleiros da Petrobras (PETR4) alcançou 100% de adesão nas plataformas da Bacia de Campos, consolidando-se como “um dos mais fortes movimentos de paralisação da categoria nos últimos anos”, afirmou o Sindipetro Norte Fluminense, filiado à Federação Única dos Petroleiros (FUP).
“Ao todo, 28 plataformas da Bacia de Campos estão em greve, com 100% de adesão dos trabalhadores do Sistema Petrobras”, reiterou a FUP, em outro comunicado.
“A forte e crescente adesão à greve mostra a disposição de luta pela retomada dos direitos perdidos, pela valorização dos trabalhadores e por uma Petrobras forte, pública e a serviço do povo brasileiro”, disse o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, em nota.
O Sindipetro citou que a Bacia de Campos abriga campos importantes como Marlim e Roncador.
Geralmente, durante greves, trabalhadores passam operações para equipes de contingência da estatal, de modo a evitar ou reduzir impactos operacionais em refinarias e plataformas de petróleo.
“As equipes de contingência da companhia foram mobilizadas onde foi necessário. Até o momento, não houve impacto na produção e o abastecimento ao mercado segue garantido, sem alterações”, disse a Petrobras.
A Bacia de Campos, que no passado já foi o maior polo produtor de petróleo do Brasil, perdeu este posto para a Bacia de Santos, onde estão os campos gigantes do pré-sal, que geralmente operam com plataformas afretadas.
A Bacia de Campos produziu cerca de 750 mil barris/dia de petróleo em outubro, de um total de mais de 4 milhões de barris/dia no país, incluindo a produção de outras empresas, segundo dados da agência reguladora ANP.
Roncador, citado pelo Sindipetro, produziu em outubro cerca de 80 mil barris de óleo equivalente por dia (boed), enquanto Marlim produziu 76 mil boed.
O sindicato afirmou que nesta quarta-feira a mobilização ganhou visibilidade com um ato realizado a partir das 6h em frente ao Portão de Cabiúnas, em Macaé (RJ), “em protesto contra a falta de avanços nas negociações com a gestão da Petrobras”.
O Terminal de Cabiúnas funciona como um centro de processamento e escoamento, recebendo gás e petróleo da Bacia de Campos e do pré-sal.
A FUP informou também que, com a entrada da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) e do Terminal de Suape, em Pernambuco, as nove refinarias de suas bases passaram a integrar o movimento grevista.
Com isso, segundo a FUP, a paralisação já atinge nove refinarias, além de 13 unidades da Transpetro, quatro termelétricas e duas usinas de biodiesel, além dos campos de produção terrestre da Bahia, da Unidade de Tratamento de Gás de Cabiúnas (UTGCAB), da Estação de Compressão de Paulínia (TBG) e da sede administrativa da Petrobras em Natal (RN).
Denúncia
Em nota, a FUP afirmou que denunciou juntamente com os sindicatos práticas “ilegais adotadas por gestores da Petrobras para dificultar a liberação de trabalhadores que aderiram à greve em plataformas e refinarias”.
Segundo levantamento da federação, há casos de trabalhadores mantidos por mais de 60 horas em unidades como a Reduc (RJ) e Regap (MG), e por quase 48 horas na Lubnor (CE) e na Refap (RS).
“As entidades sindicais acionaram a Justiça e órgãos de fiscalização, como o Ministério do Trabalho, que realizou diligência na Reduc para verificar as condições de saúde e habitabilidade dos trabalhadores retidos”, disse a FUP.
Em um comunicado divulgado mais cedo, a Petrobras afirmou que respeita o direito de manifestação dos empregados e disse que se mantém aberta ao diálogo com as entidades sindicais.
“As equipes de contingência da Petrobras estão preparadas e mobilizadas para continuar atuando na manutenção das operações, sem prejuízos na produção e no abastecimento ao mercado”, reiterou a estatal.