Haddad diz que reunião com Bessent marcada para esta semana foi cancelada

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira que a reunião que teria esta semana com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, foi desmarcada pelo governo norte-americano, o que o ministro atribuiu ao resultado de articulação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
“(A reunião com Bessent) seria na quarta-feira desta semana. Seria porque, de novo, a militância antidiplomática dessas forças de extrema direita que atuam junto à Casa Branca tomaram conhecimento da minha fala…e agiram junto a alguns assessores ali do presidente Trump. E a reunião com ele (Bessent), que seria virtual na quarta-feira, foi desmarcada”, disse Haddad em entrevista à GloboNews.
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O ministro afirmou que o cancelamento da reunião foi informado por email, sob o argumento de “falta de agenda”, e que não há nova data para que ela aconteça.
Na semana passada, Haddad disse em entrevista que tinha uma reunião virtual marcada com Bessent nesta semana, fala que, segundo ele afirmou nesta segunda-feira, provocou movimentações por parte do deputado Eduardo Bolsonaro para impedir o encontro.
“O Eduardo publicamente deu uma entrevista (dizendo) que ia procurar inibir esse tipo de contato entre os dois governos”, disse. “E depois disso é que aconteceu o episódio.”
De acordo com Haddad, o aviso do cancelamento foi recebido cerca de dois dias depois da entrevista de Eduardo e seria difícil não relacionar os dois acontecimentos. O ministro usou o exemplo para destacar que a situação do Brasil é completamente diferente a dos demais países em relação às tarifas.
Em nota divulgada após a entrevista do ministro, o deputado minimizou as falas de Haddad e disse que não tem controle sobre a agenda de Bessent, destacando que o secretário apenas cumpre as diretrizes determinadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
“Haddad prefere culpar terceiros pela própria incompetência, enquanto Lula só fala besteira por aí e inflama a crise diplomática. Há quase duas semanas, o presidente Donald Trump declarou emergência econômica nos EUA, apresentando de forma clara as razões. Até que o Brasil enfrente esses pontos, qualquer reunião será mera encenação — e, portanto, inútil”, afirmou.
Na nota, assinada também pelo influenciador Paulo Figueiredo, que a divulgou na rede X, os dois disseram que embarcarão nesta quarta-feira para Washington “para uma série de reuniões com autoridades americanas”.
Haddad já havia manifestado preocupação anteriormente com a atuação nos EUA de Eduardo Bolsonaro, terceiro filho do ex-presidente Jair Bolsonaro que licenciou-se do mandato parlamentar e está nos EUA fazendo campanha pela aplicação de sanções norte-americanas ao Brasil e às autoridades brasileiras por causa do processo em que seu pai é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.
Na carta ao governo brasileiro em que anunciou em julho a imposição de tarifas mais altas contra o Brasil, Trump citou o julgamento de Bolsonaro, que caracterizou como uma “caça às bruxas”. No mês passado, o governo dos EUA também impôs sanções ao ministro do STF Alexandre de Moraes, que, desde então, tem sido alvo de críticas de autoridades norte-americanas por uma atuação supostamente autoritária.