Alimentos

Hamburg Süd vê forte demanda e reequilíbrio da oferta por contêineres em 2021

24 mar 2021, 18:51 - atualizado em 24 mar 2021, 18:51
Hamburg Süd
O pico das dificuldades foi especificamente no contêiner frigorífico, no final de fevereiro (à) primeira semana de março (Imagem: REUTERS/Marco Bello)

Após sofrer com gargalos logísticos que desencadearam a falta de contêineres nos portos brasileiros para exportação, a Hamburg Süd vê agora um reequilíbrio operacional para o transporte marítimo e projeta forte demanda por cargas para o decorrer de 2021.

A expectativa da empresa de transporte de contêineres é de aumento de 5% nas exportações e 6% nas importações neste ano.

Segundo a diretora de vendas da companhia, Mariana Lara, há um movimento global de “superdemanda” pelo equipamento utilizado no envio de cargas.

No Brasil, líder em exportação de diversas commodities, não é diferente, disse ela. O país usa contêineres para exportar café e carnes, entre outros produtos.

“Quando olhamos para os volumes do Brasil também temos indícios de que os volumes vão permanecer bem fortes ao longo do ano como um todo”, afirmou a executiva à Reuters.

Entre fevereiro e março, a demanda aquecida aliada a medidas de controle para evitar a disseminação do coronavírus no mundo lockdowns, diminuição de colaboradores nos portos e demais questões relativas à pandemia criaram um desequilíbrio no fluxo de cargas.

Congestionamentos de navios nas unidades portuárias, terminais saturados, aumento no custos do frete marítimo e falta de contêineres foram algumas das consequências, disse a executiva.

“O pico das dificuldades foi especificamente no contêiner frigorífico, no final de fevereiro (à) primeira semana de março”, acrescentou o diretor da Hamburg Süd, José Salgado.

Ele disse que em fevereiro a companhia chegou a deixar de embarcar 5% do que estava no plano de exportação frigorífica, que inclui carnes, ovos e frutas, em função do déficit operacional.

“(Mas) o que ficou comprometido e causou um grau de frustração foram as oportunidades. Percebemos que, com a demanda muito grande (por contêineres), perdemos oportunidades por falta de equipamento e espaço”, comentou Salgado.

Naquele momento, os embarques de carnes foram mantidos em detrimento de envios de ovos e frutas para alguns mercados que também são considerados importantes.

A executiva de vendas citou que havia a expectativa de participação forte da maçã brasileira nas exportações “e a gente recuou”. “A gente queria muito, mas optamos por não fazer”, acrescentou.

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Reequilíbrio

Agora, Lara disse que o cenário da pandemia e a forte demanda por contêineres continuam.

No entanto, do ponto de vista operacional, houve uma melhora no fluxo de transporte porque a empresa começou a aprender como lidar com as adversidades.

“Hoje, quando a gente se vê em uma situação como essa de portos congestionados, a gente já trabalha com contingências… imagina o que pode ser feito de eficaz para que a situação não piore”, afirmou a diretora.

Um ponto que tem contribuído para a readequação de equipamentos para envio de cargas é o forte volume também de importações.

Isso faz com que mais contêineres venham para o Brasil e sejam disponibilizados posteriormente para atender a exportação.

“Quando você tem uma relação mais equilibrada de importação com exportação, você não precisa se valer tanto de contêineres vazios. É muito mais simples de você planejar seus volumes”, explicou Lara.

Além disso, ela ressaltou que a Hamburg Süd trabalha seus acordos comerciais negociando o tempo em que o cliente fica com o contêiner antes de devolver, no intuito de conseguir uma otimização.

“A gente tem trabalhado caso a caso em reduzir esse tempo com os clientes, porque as vezes eles conseguem devolver o contêiner vazio mais rápido e isso quando feito em grande escala também ajuda. Então, acho que são esses pontos centrais que mostram um momento muito mais positivo nos próximos meses.”

reuters@moneytimes.com.br